sexta-feira, 1 de junho de 2007

Nem toda feminina é feminista

Bárbara Gancia não se conteve nas saias e, ao comentar o imbróglio político-conjugal-extra-conjugal de Renan atirou ... na Ideli Salvatti. A jornalista diz que ficou com o estômago virado porque a senadora petista defendeu o presidente da Casa. Reclama que Renan não “demonstrou afeto pela filha que teve fora do casamento” além de não ter pedido “perdão à Mônica Veloso” e, pasmem!, reclamou que não foi divulgado o nome da menina (será que ela não conhece o Estatuto do Menor e do Adolescente?)! Aliás, ela realmente parece ser desinformada, pois registra: “O deputado Antonio Carlos Magalhães fez piada nesta semana, dizendo que não poderia falar nada sobre Mônica Veloso, porque ela já foi sua parente, uma alusão ao suposto caso que a jornalista teve com seu filho, Luís Eduardo, morto em 1998”. ACM não é deputado, é senador. Deputado é o ACM Neto (como o próprio nome indica, filho de um filho do senador, Gancia). Aliás, o relacionamento da Mônica com o Luiz Eduardo nunca foi negado por nenhum dos dois e foi alardeado pelo próprio ACM. Por que “suposto caso”? Fala sério...

Mais um fardo para as mulheres?

Luiz Garcia, no O Globo, aproveitou o affair Renan para bater na bancada feminina. O fato do presidente do Senado ter-se referido à mãe de sua filha caçula como “a gestante”, quando a moça estava grávida, soou mal para o colunista. “Parecia falar de uma pobre coitada que decidira ajudar pela bondade de seu coração. Talvez tenha sido uma concessão à presença estóica da sra. Calheiros no Senado”. E tascou: “A bancada feminina do Congresso ficou devendo uma cobrança de mais respeito dos poderosos quando tiverem de falar em público sobre ex-namoradas. E também, naturalmente, das poderosas em relação a ex-namorados”.
Os critérios do jornalista são, evidentemente, subjetivos. E é claro que respeito é bom e todos gostamos. Mas não cabe só à bancada feminina cobrar, não é mesmo Luiz Garcia?

Momento Caras 1 – No Spa e parentesco

Anna Ramalho escreve a coluna Coisas do Rio, no JB, mas deu uma espiada em outras plagas para fazer este registro:
Baixa caloria
Verônica Calheiros fazia um spa, no Sul, quando a Veja foi para as bancas, revelando o sórdido enredo e os pinotes do maridão na alcova alheia.
Foi sutilmente convidada a voltar imediatamente ao cerrado.
Largou as rodelas de rabanete no prato pra descascar o pepino indigesto.
Parentesco
O ex-senador Ney Suassuna conhece bem Mônica Veloso, a outra da República.Durante algum tempo, ano passado, foi namorado de uma irmã dela, Márcia Freitas.

Momento Caras 2: saia justa no avião

Informa o Correio Braziliense que o deputado federal Clodovil Hernandes (PTC-SP) protagonizou confusão dentro de um avião. O estilista disputou um assento com outro passageiro no vôo 1847 da Gol, que ia de Brasília a Guarulhos (SP). Clodovil argumentou que solicitara o assento ao fazer o check-in, no balcão da companhia, e se recusou a levantar-se alegando ainda que é idoso — completa 70 anos no próximo dia 17 — e deputado federal. De acordo com a Polícia Federal, a agressividade de Clodô revoltou outros passageiros que, em coro, passaram a ofendê-lo aos gritos. O estilista se queixou à Polícia Federal dos xingamentos.

Absolvição antecipada

Os jornais estampam, hoje, as declarações dos pares de Renan Calhaeiros no Senado:
“Em relação a esse episódio, o caso está encerrado. O presidente apresentou documentos. O advogado da jornalista também tem de apresentar provas”. Heráclito Fortes (DEM-PI). (Espera aí, mas se o advogado da jornalista ainda não apresentou provas, por que "o caso está encerrado"?)
“Eu não quero condená-lo, quero absolvê-lo. Mas quero ter certeza de que ele não vai ser pego na primeira esquina. Ele não precisava pedir recibo, o importante é provar que tinha recursos para os pagamentos”. Romeu Tuma (DEM/SP), corregedor da Casa. (Ops! A suspeita não era de que ele não tinha recursos, mas que estava usando recursos da empreiteira para o pagamento...)
"Se Tuma está dando essas declarações é porque deve ter elementos”. Sibá Machado (PT-AC), presidente da Comissão de Ética. (Uhm... é melhor deixar sem comentários)
“O senador Renan Calheiros apresentou todas as informações, de minha parte estou convencido” Romero Jucá (PMDB-RR), líder do governo. (Quem bom)
Por fim: “Quase 100% dos senadores estão convencidos dos meus argumentos”. O próprio Renan Calheiros (PMDB/AL), presidente do Congresso. (Realmente, pelas minhas contas, só o Jefferson Peres - PDT/AM -, o Pedro Simon - PMDB/RS e o José Nery -PSOL/PA- ainda não foram convencidos).

Relações perigosas?

Esta nota é de Denise Rothenburg, no Correio Braziliense:
Acabou o flerte Antes que novas sondagens ou convites surjam, o PCdoB decidiu bater o martelo: não quer saber de seus filiados no governo de José Roberto Arruda. Nada contra o governador, mas quem quer concorrer ao Governo do Distrito Federal não pode ter um possível adversário como chefe. E o partido tem planos de lançar a candidatura do ex-ministro Agnelo Queiroz.

Crônica de uma operação secreta anunciada

Depois da Folha ter informado ontem, conforme a nota “Não diga que não avisei”, neste blog, hoje foi a vez de César Giobbi, no Estadão:
"Sinal vermelho
Ouve-se em Brasília que a próxima operação da Polícia Federal vai se chamar Rubi. Também baseada em grampos, pretende esmiuçar relações nada convencionais entre o Judiciário e os bancos. É que, dos milhões de ações trabalhistas que vão parar na Justiça, as que envolvem bancos são arrastadas por 20, 30 anos. Esquisito, não?"

Esquisito digo eu. Nem o agente "secreto" Bond, James Bond, foi tão público. Este Rubi é um falso brilhante...

quinta-feira, 31 de maio de 2007

Não diga que não avisei!

Painel da Folha alerta os interessados:
Vem aí. Deve estourar em breve nova operação, previamente batizada de Rubi, para investigar fraudes em ações trabalhistas. Alcançará juízes, advogados e funcionários do Ministério do Trabalho.

Momento Caras 2 – Política na alcova

A chamada “vida privada” continua como fonte de comentários políticos. Hoje foi a vez de Ancelmo Góis, no O Globo, registrar:
O alívio do ex
Um ministro de Lula, nordestino cabra-macho, não esconde o alívio, oxente, com este episódio entre Renan Calheiros e a jornalista Mônica Veloso. É que também namorou Mônica. Mas, em papos reservados, esclarece que o chamego (com todo o respeito) ocorreu quando era solteiro. Ah, bom!
E Joaquim Ferreira dos Santos, no “Panorama político” do mesmo O Globo, dá esta importante informação “política”:A "Playboy" fará ainda esta semana uma proposta à jornalista Mônica Veloso, ex-namorada do presidente do Senado, Renan Calheiros. A negociação, caso seja levada para frente, será intermediada por Pedro Calmon Filho, advogado de Mônica.

Momento Caras 1 – Pêgo na mentira

Quem quiser que acredite que o senador Renan Calheiros destinou um fundo de R$ 100 mil para sua filha caçula. Quem quiser, duvide. Mas o advogado da mãe da criança, Pedro Calmon Mendes, havia dado entrevista ao Jornal Nacional dizendo que esse fundo não existia. Porém o senador mostrou dois recibos, de 24 de maio de 2006 e de 27 de junho de 2006, assinados por Mônica e pelo advogado Pedro Calmon Mendes, no valor de R$50 mil cada, que serviriam, conforme o texto: "para prover futuras e eventuais despesas da aludida menor com sua educação". Depois de flagrado, o advogado se recusou a dar nova entrevista ao jornal global.

Almas mortas

Foi amplamente noticiado: Seis quilômetros de varal com 15 mil lenços estendidos ontem no gramado em frente ao Congresso Nacional. Para cada pedaço de pano branco, uma pessoa assassinada nos primeiros quatro meses do ano no Brasil. O protesto da organização Rio de Paz visa “conscientizar a sociedade e cobrar do poder público uma providência”, afirmou Renato Vargens, coordenador do protesto. O músico Tico Santa Cruz, da banda Detonautas Roque Clube, que teve um colega de banda assassinado, externou: “Um protesto em Brasília é importante porque estamos diante de quem deveria resolver o problema: os políticos”.
Valeu o protesto. É urgente que medidas eficazes sejam adotadas. Mas discordo do Tico, num aspecto: não cabe aos políticos resolver o problema. Cabe à população, consciente e organizada que, se necessário, deve inclusive mandar às favas os políticos que alimentam um modelo de sociedade excludente e violento.

quarta-feira, 30 de maio de 2007

Abert e governo = tudo a ver

A relação entre o Ministério de Telecomunicações e a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) é tão íntima que os atores até se confundem na hora de se pronunciarem publicamente.

Sobre o problema que houve ontem em Congonhas, que teve as decolagens interrompidas por seis minutos por interferências de sinal de rádios livres - chamadas pelo setor e pela grande mídia de "rádios piratas" - Hélio Costa disse hoje que vai pedir mais rigor na fiscalização das rádios que operam sem licença e até a criminalização dos operadores.

Já Daniel Pimentel, presidente da Abert e filho de Paulo Pimentel, do Grupo homônimo (GPP) afiliada ao SBT no Paraná, disse que “são episódios como estes que fazem o governo ver de perto os perigos das rádios piratas”.

Opa! Quem deveria falar sobre o que o governo vê é o ministro, não?

As declarações foram dadas no 24º Congresso Brasileiro de Radiodifusão da Abert que acontece em Brasília.

Vai sair a sede da UNE

Os presidentes da União Nacional dos Estudantes (UNE) Gustavo Petta e da União Brasileira de Estudantes Secundaristas (UBES) Tiago Franco almoçaram hoje com o presidente Lula e conversaram sobre a construção da sede nacional da entidade no Rio. O local onde funcionava um estacionamento ilegal foi retomado juridicamente no começo deste ano. O projeto é assinado pelo arquiteto comunista Oscar Niemeyer. Com apoio do governo federal, a obra deve começar em breve. Importante vitória do movimento estudantil!

Outro assunto tratado no encontro foi a lei da meia entrada.

Alerta geral! Perigo! Perigo!

A Receita Federal quer aumentar o imposto pago na cachaça. Foi o que disse o secretário da Receita Federal, Jorge Rachid, antes de sessão do Senado que votou projeto que visava assegurar imposto zero para a aguardente. A proposta da cachaça sem imposto, do senador Efraim Morais (DEM-PB), foi derrotada por 12 votos contra apenas quatro favoráveis. Faço coro com o Chico Buarque: "E a gente vai tomando, que também sem a cachaça, ninguém segura esse rojão"...

Momento Caras: Mônica sonega o IR?

Os jornais destacam, hoje, que o presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), reconheceu que não poderá comprovar com registros contábeis que entregou, em dinheiro vivo, R$ 8 mil mensais à jornalista Mônica Veloso, com quem tem uma filha de quase três anos, a título de pensão alimentícia informal. "Não tem como provar (os pagamentos) porque não era uma relação oficial. A partir do momento em que assumi a paternidade, tenho todos os comprovantes”, disse Renan. Na segunda-feira, Renan entregou cópias de seus contracheques e cópias de partes da sua declaração de Imposto de Renda para demonstrar que passou a pagar uma pensão alimentícia oficial de R$ 3 mil quando reconheceu a paternidade em 21 de dezembro de 2005.
Estranhamente, até o momento, ninguém da imprensa ou fora dela solicitou à mãe da criança que mostre, na sua declaração de renda, o quanto recebeu. Será que houve sonegação?

A mãe e o filho da mãe

Alan e Alex Teixeira da Cunha são gêmeos univitelinos. Mas a Universidade de Brasília (UnB) aceitou apenas Alan no seu sistema de cotas para negros. Alex foi considerado branco. A decisão da cor de cada um foi feita por uma banca, a partir de fotos. O pai dos gêmeos é negro; a mãe é branca. Pelo jeito, para a UnB Alan é filho do pai e Alex, filho da mãe...

Rádios piratas

Ontem em Brasília alguns poucos participantes do Seminário sobre Rádio Digital, promovido pela renomada Comissão de Altos Estudos da Câmara dos Deputados e a Rádio Câmara, ouviram o representante do setor da radiodifusão paulista repetir aquela idéia reacionária das classes dominantes de que as rádios comunitárias são rádios piratas e atrapalham a vida de todo mundo que poderia estar recebendo o tão desejado sinal dessas rádios privadas.

Ele chegou a dizer que "nós só queremos mais audiência. Isso é crime?" E ainda fez cara de coitado!

Coitados de nós e de toda a sociedade civil que está passando longe desse debate.

Folha queria "explicação cabal"

A Folha afirmou em seu editorial de hoje que se frustrou com o senador Renan Calheiros (PMDB-AL): "o presidente do Senado Federal não correspondeu, infelizmente, às expectativas". Curioso como o jornal se posiciona em primeira pessoa. À expectativa de quem cara pálida?

"Ficou aquém do que se deve exigir de qualquer representante popular numa República, ainda mais de quem exerce função tão nobre no Poder Legislativo. Frustrou-se anteontem, mais uma vez, o anseio da opinião pública".

O anseio da opinião pública é que essa campanha de desestabilização do país passe logo! E não ficar sendo bombardeada por informações da vida íntima dos outros com julgamentos morais e hipócritas!

Parece aqueles jornais que exploram imagens de crimes, como cadáveres revirados, corpos queimados e órgãos arrancados - o famoso "espreme que sai sangue" - para vender mais.

terça-feira, 29 de maio de 2007

Salve Maria, Sarney...

No plenário, ontem, o senador José Sarney (PMDB-AP) protestou contra o fechamento da emissora venezuelana Rádio Caracas de Televisão (RCTV), que no domingo (27) teve seu sinal cancelado por decisão do presidente Hugo Chávez, que não permitiu a renovação da concessão pública. Sarney disse que democracia só existe com "imprensa livre e sem restrições".
Para refrescar a memória, quando presidente da República, cedendo bravamente às pressões da Igreja Católica, José Sarney proibiu a exibição no Brasil do filme Je vou salue, Marie (Salve, Maria), de Jean Luc Godard.
No seu pronunciamento, Sarney aproveitou para registrar que nesta terça-feira (29) será realizada missa pela passagem de 30 dias do falecimento do empresário Otávio Frias de Oliveira, principal acionista do Grupo Folha, que colocou sua imprensa à serviço da ditadura militar (à qual Sarney também prestou serviços preciosos).

E por falar em Renan, pau no Enver Hoxha...

O jornalista Augusto Nunes aproveitou o episódio envolvendo Renan Calheiros para fustigar o PCdoB e o finado dirigente albanês Enver Hoxha:
“Em 7 de abril de 2005, esta coluna publicou a biografia resumida do alagoano Renan Calheiros, presidente do Senado. A condensação do texto vale replay:
Mal saído da adolescência, Renan Calheiros filiou-se ao Partido Comunista do Brasil, o PCdoB velho de guerra, que então se orientava pelo farol instalado na Albânia do companheiro Enver Hoxha. Renan demorou algum tempo até descobrir o que sabiam desde sempre até as cabras montanhesas do país: o livrinho de pensamentos do ditador era tão raso que uma formiga poderia atravessá-lo com água pelas canelas.
Encerrado o longo estágio no PCdoB, assimilara duas lições. Primeira: quem apóia um Enver Hoxha consegue apoiar qualquer um. Segunda: ficar contra o governo é fechar os atalhos e trilhas que conduzem a nomeações de amigos, liberação de verbas e barganhas fisiológicas sem as quais políticos brasileiros raramente vão longe. Algumas aulas práticas fizeram o resto do trabalho.”
Maldade pura. Apoiar Enver Hoxha não era apoiar qualquer um e nem dava camisa pra ninguém. Pelo contrário, significava defender pontos de vista bastante isolados no cenário internacional e na esquerda, em particular. Não era coisa para oportunistas de plantão. Nunes deve desculpas aos que, com sinceridade de intenções e convicções revolucionárias, defendiam a Albânia como “farol do socialismo para o mundo” nos sangrentos tempos da ditadura militar brasileira.
Em tempo: quem tinha “livrinho de pensamentos” era o Mao Zedong (com quem Enver Hoxha rompeu), parodiado no Brasil pelo Millôr Fernandes. Atualize suas (des)informações, Nunes...

Dois dedos de prosa

Denise Rothenburg, do Correio Braziliense, atenta, registrou:
O ex-presidente da Câmara Aldo Rebelo (PCdoB-SP) trocou dois dedos de prosa com o senador Fernando Collor (PTB-AL) enquanto aguardava a fila de cumprimentos a Renan. Aldo é alagoano assim como Collor.

Momento Caras, a política da alcova

Diálogo do deputado federal Clodovil (PTC/SP) com o senador Arthur Virgílio (PSDB/AM) na JBTV:
"É verdade que o sr. é um vulcão sexual?"
"Sou, e minha mulher também".

AINDA inocente...

Renan AINDA não é alvo de investigação na Operação Navalha, diz o Jornal do Brasil. E parece ser essa a sensação dos principais comentaristas políticos dos meios de comunicação. Carlos Chagas escreve, em tom ameaçador: “O grave pode ser o desdobramento da crise, caso insistam em levar adiante a elucidação das acusações. Porque diante de um hipotético afastamento da presidência do Senado, Renan vira bicho. Exigirá ampliar a devassa ao infinito, envolvendo todas as empreiteiras e quase todos os senadores”. Jânio de Freitas não ficou satisfeito: “Não lhe bastaria, portanto, restringir-se à continuada reiteração de que os gastos com sua ‘vida mais íntima’ foram ‘com recursos próprios’. O que importa, para o interesse público, é o esclarecimento sobre a procedência e o acúmulo desses recursos próprios. E esse esclarecimento Renan Calheiros evitou com o discurso, de intenção obviamente sensibilizante, da vítima atingida por uma violação do princípio constitucional de proteção à intimidade e à honra pessoal”.
E Clóvis Rossi gostaria que Renan se mirasse no exemplo do suicida japonês: “Toshikatsu Matsuoka, ministro da Agricultura do Japão, enforcou-se ontem em sua casa depois de ser acusado de envolvimento em concorrências suspeitas e de ver contestada a declaração de gastos de seu escritório. Ele negou qualquer irregularidade. As acusações ainda não foram comprovadas. ... Renan Calheiros, presidente do Senado, é igualmente acusado de beneficiário de pagamentos suspeitos à mulher com a qual teve um filho, pagamentos feitos por funcionário de uma empreiteira, que teria praticado atos similares aos de que foi acusado Matsuoka. As acusações contra Renan Calheiros não foram ainda comprovadas, como no caso Matsuoka. O senador brasileiro não se enforcou nem renunciou nem se licenciou para se defender. Ao contrário, preferiu falar de sua cátedra”.

A vida privada na privada

Os jornais consideraram que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB/AL), não comprovou a origem dos recursos que teria desembolsado antes do reconhecimento da paternidade da criança, em dezembro de 2005, não fez menção à denúncia de que Gontijo lhe colocava à disposição um flat em hotel de luxo de Brasília para encontros que exigiam discrição, também não mencionou o nome de Zuleido Veras, acusado de coordenar o esquema de fraude em licitação pública, além de não ter citado o nome a mãe de sua filha caçula, fonte das denúncias publicadas pela Veja.
Mônica Veloso, que antes de ter filha com Renan teve um affair com o ex-presidente da Câmara Federal, Luiz Eduardo Magalhães (filho do ACM), acionou seu advogado, Pedro Calmon Filho, para contestar o pai da criança. Dentre outras coisas, informou que já gastou os R$ 100 mil que o pai diz ser para os futuros estudos da menina – que, aliás, na mais tenra idade corre o risco de levar uma bala perdida nesse tiroteio degradante. É a política a partir da alcova.

Somos todos corruptos?

Abordando as denúncias de corrupção recentes, o diretor executivo da Transparência Brasil, Cláudio Weber Abramo, deplorou a puerilidade dos que imaginam que os problemas denunciados “desapareceriam caso as pessoas fossem outras”. Considera que outras pessoas provavelmente agiriam “exatamente da mesma forma”, pois “o que propicia a captura do Estado são disfuncionalidades concretas, e não peculiaridades individuais. Os defeitos estão na Constituição, nas leis ordinárias, nos Códigos Civil e Penal, nas práticas administrativas dos Três Poderes”. Em outras palavras, somos todos corruptos, na sua transparente opinião.
Não me senti contemplado nessa avaliação. Não sou e conheço pessoas que não são corruptas. Para usar seus termos, achei uma análise pueril. O velho Marx não considerava a corrupção inerente à humanidade, mas decorrente de uma sociedade dividida em classes antagônicas, umas exploradoras, outras exploradas.

segunda-feira, 28 de maio de 2007

Renan Calheiros: a defesa ataca

No seu pronunciamento em resposta às acusações da revista Veja, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB/AL) recorreu ao ex-deputado e filósofo Roland Corbisier, falecido em 2005, quando integrava o PCdoB. Eis o trecho de Corbisier, citado por Renan:
“Essa mania de denunciar, de acusar, de julgar e de condenar antes de ouvir a defesa dos acusados, essa obsessão do inquérito, da devassa, essa complacência do escândalo, na publicação do escândalo, esse gosto de comprometer e desmoralizar o poder público, os homens que o exercem ou que aspiram a exercê-lo, essa precipitação, essa leviandade em atacar e condenar sem o menor respeito pela justiça e pela verdade, essa sofreguidão, essa impaciência em fazer justiça com as próprias mãos, em dizer a última palavra a respeito de pessoas e de assuntos em debate, essa atitude moralista e farisaica, pretensiosa e auto-suficiente é uma atitude, que a longo prazo, se revela nociva à formação política e mesmo à formação moral do País, porque é impossível dissociar, na acusação, na agressão aos homens públicos, aos homens que exercem o poder, os próprios homens enquanto indivíduos dos cargos que ocupam e da função que exercem”.
Veja o que o portal Vermelho publicou sobre Roland Corbisier, na ocasião de seu falecimento, em fevereiro de 2005, neste endereço:http://www.vermelho.org.br/diario/2005/0211/0211_corbisier.asp

Para sua maior segurança, este telefonema está sendo gravado

O senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) afirmou no plenário, na quinta-feira passada: "Estamos todos vigiados e grampeados". O ministro da Justiça, Tarso Genro, reagiu em entrevista ao JB: "A PF não faz escuta sem autorização judicial. E se alguém fizer, vou tomar todas as providências para que os responsáveis sejam punidos", declarou.
Precisava ser mais claro: afinal a PF não faz escuta sem autorização, ou faz, mas os responsáveis serão punidos? Eu, hein...

O alerta de Mauro Santayana

A polícia não pode ter autonomia em nenhum sistema político. Nos regimes totalitários, chega o momento em que mesmo os tiranos temem as corporações de segurança do Estado, quando a elas não se submetem. Os documentos disponíveis sobre o nazismo e o stalinismo mostram como as intrigas, a fabricação de provas, a luta interna, tanto na Gestapo, quanto na NKVD, podiam não só conduzir inocentes à morte, mas, da mesma forma, determinar a Política do Estado. Ernst Röhm, chefe das SA, foi decisivo para a tomada do poder pelos nazistas. Em 1934, com as informações e a ajuda de Reinhard Heydrich, chefe da Gestapo, Hitler invadiu um hotel do balneário de Bad Wiessee, retirou Röhm da cama, e mandou matá-lo, certo de que ele organizava um golpe. Desde que assumiu a chefia da Gestapo, aos 32 anos, até sua morte, aos 38, Reinhard Heydrich foi um dos principais policy makers do regime. Coube-lhe o projeto de eliminar fisicamente os judeus da Europa, com a Endlösung, a solução final, aprovada em janeiro de 1942.

Na União Soviética foi notória a poderosa influência de Beria sobre Stalin. Alguns historiadores concluem que Stalin era dominado pelo encarregado da segurança do regime. Sendo o segundo da NKVD, coube a Beria articular toda a purga no Partido Comunista, entre 1936 e 1938. E a ele se deve a prisão e a morte de seu chefe, Nicolay Yezhov, em 1938, para assumir, em seguida, com a KGB, o controle da segurança da URSS.

Antes que Beria mobilizasse o seu poder, logo depois da morte de Stalin, a fim de substituí-lo, Molotov, Malenkov e Kruschev articularam rapidamente sua prisão, condenação e execução.Adiante, o articulista do JB pondera: “Infelizmente o Parlamento brasileiro, como quase todos os parlamentos do mundo, encontra-se em crise. Mas não podemos fechar o Congresso e encarregar a Polícia Federal de governar o país pela intimidação e pelo medo. Os cidadãos de bem não podem ser reféns da polícia”.

Comunistas candidatos

O Painel da Folha especula
Sonho alto. O PC do B quer lançar candidatos a prefeito em pelo menos cinco capitais. As principais apostas são Aldo Rebelo (São Paulo), Manuela D'Ávilla (Porto Alegre) e Jandira Feghali (Rio).

Momento Caras, a fofoca como política

MÔNICA BERGAMO noticia na Folha:
AMIGO O senador Ney Suassuna (PMDB-PB) foi arrolado, ao lado de Cláudio Gontijo, da empreiteira Mendes Júnior, como testemunha no processo de alimentos que a jornalista Mônica Veloso movia contra o presidente do Senado, RENAN CALHEIROS (PMDB-AL), para definir o valor da pensão da filha dos dois. Suassuna, que foi indiciado este ano por envolvimento na máfia das ambulâncias (pensando bem, o que esta informação está fazendo aqui? CP), é amigo da família de Mônica.PASSEIO No acordo com a jornalista, ficou acertado que Renan passará a visitar a filha quinzenalmente.ARQUIVO APAIXONADO Uma das coisas que deixaram Renan "estarrecido", de acordo com alguns de seus melhores amigos, foi o fato de Mônica ter colecionado documentos que revelam detalhes da convivência deles, como cartões magnéticos de hotéis, notas fiscais de restaurantes e outros papéis.

Já Ricardo Noblat dá detalhes e faz questionamentos:
Na semana passada, em audiência no Tribunal de Justiça do Distrito Federal, Renan se ofereceu para pagar a Mônica uma pensão mensal de R$3 mil. Alegou que ganha menos de R$13 mil como senador. Ocorre que Renan pagou a Mônica, durante três anos, R$16.500 mensais. De onde saiu o resto do dinheiro? "De ganhos agropecuários", segundo ele.

Quer dizer: Gontijo testemunhou o sufoco do amigo ao longo de dois anos, mas nada fez para ajudá-lo - salvo entregar a Mônica mensalmente um envelope com dinheiro. Renan omite que suspendeu o pagamento da pensão quando Mônica exigiu que ele assumisse a paternidade do filho. E que só topou fazer exame de DNA diante do risco de Mônica pôr a boca no mundo.

Renan tem provas de que o dinheiro pago a Mônica era dele? Não. Mas provar que o dinheiro era do lobista ou da construtora não é problema de Renan. É problema de quem queira condená-lo. Mônica quer uma pensão mais gorda.

O Orçamento e a corrupção

Os escândalos com o dinheiro público, cujo mais recente episódio foi revelado pela Operação Navalha, convenceu o colégio de líderes do governo, comandado pelo presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), a apresentar amanhã um pacote para acabar com as emendas das bancadas e transformar as individuais em impositivas. O PSDB pretenderia até a extinção da Comissão do Orçamento.
Hoje, só uma pequena fração do Orçamento da União pode ser emendada pelo Legislativo. Individualmente, cada parlamentar tem direito a apresentar R$ 5 milhões para os investimentos que achar necessário. As bancadas têm direito a valores bem maiores. O governo pode ou não liberar o dinheiro destinado conforme seu interesse. O Ministério do Planejamento informa que, entre as mais de 360 destinações de recursos do Orçamento de 2006, há algumas com mais de 40% do dinheiro já entregue, outras com 10% ou 5%, e muitas sem absolutamente nada.
Segundo o colunista Carlos Alberto Sardenberg, “uma das fontes primárias de corrupção é o sistema das emendas parlamentares individuais” e propõe sua eliminação “em troca de uma participação mais ativa (dos parlamentares federais) na elaboração do orçamento, definindo as prioridades nacionais, podendo decidir tudo, se vai mais dinheiro para saúde ou educação, para obras ou para gastos com pessoal, para o Bolsa-Família ou para estradas”.
Mas a cientista política Argelina Cheibub Figueiredo argumenta: “Se o Congresso não puder mais emendar o Orçamento, estaremos voltando à época da ditadura”, lembrando que “as distorções que existem na elaboração do Orçamento não decorrem do Parlamento. Elas são problema do Executivo.” Segundo pesquisa feita durante o governo Fernando Henrique Cardoso por ela e outros especialistas, não se pode relacionar a liberação das emendas com o comportamento dos deputados nas votações. “O que se pôde observar é que havia uma variação de 40% a 60% das liberações de verbas dos parlamentares, enquanto o apoio aos projetos de governo esteve sempre na faixa dos 90%”.

Governistas x Veja

Informa Leandro Mazzini, do JB, que os senadores dos sete partidos da coalizão governista vão atacar a revista Veja, pois "nenhum documento foi apresentado na publicação" que prove as ligações do senador Renan Calheiros com o lobista da construtora Mendes Junior.

Ministério do Esporte monitorado

Cláudio Humberto, hoje, 28:
TCU monitora 'Segundo Tempo'
O Tribunal de Contas da União vai monitorar durante cinco semanas o maior programa social do Ministério do Esporte, o "Segundo Tempo". Um acórdão do tribunal aprovou uma série de recomendações ao Ministério do Esporte, a fim de blindar a aplicação dos recursos das falhas já detectados em 2006. O TCU vai ficar de olho também nos convênios do programa, após as denúncias de irregularidades praticadas por ONGs do Rio.

É o caso de se pensar...

Carlos Chagas, hoje, 28:
Se era um homem de bem...
Escorregou outra vez o presidente Lula ao lamentar que precisou sacrificar um homem de bem. No caso, Silas Rondeau, afastado do Ministério de Minas e Energia por decisão do chefe do governo. Ora, se era um homem de bem, o presidente deveria ter ficado a seu lado, dando-lhe suporte para enfrentar a calúnia.

A conclusão parece óbvia: de novo o presidente curvou-se a pressões. Ou, na realidade, percebeu como insustentável a situação onde um envelope com R$ 100 mil de propina irrompe pelo gabinete do ministro adentro, entregue a um de seus principais auxiliares. Em suma, se Silas Rondeau era um homem de bem, foi injustamente sacrificado. Por quem? Pelo presidente da República. E se não era, qual a causa do desabafo de Lula?