quinta-feira, 21 de junho de 2007

O falso argumento da suplência

Vários jornalistas, inclusive dos mais creditados junto aos leitores, como Jânio de Freitas, Carlos Heitor Cony, Hélio Fernandes, Merval Pereira e Dora Kramer, estão questionando a legitimidade dos suplentes de senadores que assumiram o mandato, como o presidente da Copmissão de Ética, Sibá Machado (PT-AC), e o relator 24 horas do processo contra Renan, Wellington Salgado (PMDB/MG).
Estes senadores teriam cometido o pecado capital de mostrarem-se favoráveis a Renan. Porém, um dos primeiros a declarar-se disposto a provar a inocência de Renan não é suplente em exercício do mandato: Romeu Tuma (DEM/SP). E o senador que propôs a ação, José Nery (PSOL/PA), é, também ele, um suplente de Ana Júlia Carepa (PT), que deixou o cargo por ter sido eleita governadora do Pará. Estranhamente, este não entra na lista dos "malditos" suplentes sem votos...

Fúria repentina da Globo

Cui prodest? Os criminalistas costumam usar a expressão latina que significa A quem aproveita? quando querem saber que sairá beneficiado de determinada causa. Ontem, na Comissão de Ética, o senador comunista cearense Inácio Arruda registrou que a imprensa acerta muitas vezes, mas também erra. E lembrou que os órgãos de comunicação têm donos e esses têm posições políticas que expressam através de seus veículos. Na sua coluna de hoje, o jornalista Sebastião Nery vai pelo mesmo caminho:
“Mas por que, de repente, essa fúria apurativa exatamente no Senado, quando a maioria da imprensa critica a Polícia Federal, sobretudo o correto e imperturbável Paulo Lacerda, pelas indispensáveis ações contra a corrupção?
Isso tem um nome e precisa ser denunciado: chama-se CPI das ONGs. A criação da CPI das ONGs no Senado, com número suficiente de assinaturas, já formalizada, embora ainda engavetada esperando hora para instalar, foi como o Senado atiçar um vespeiro, bulir numa fantástica casa de marimbondo.”

O Senado ainda não pôs para funcionar, mas já criou. Virou enorme ameaça. As ONGs são hoje a maior e mais criminosa caixa preta do País : são centenas de milhares, recebem bilhões dos governos e não prestam contas a ninguém. A maior delas, mais faturante, mais poderosa, mais nebulosa, mais cabulosa, mais indevassável, é precisamente a "Fundação Roberto Marinho".
E adiante:“Essa fúria repentina e desbragada do sistema "Globo" contra o senador RENAN e seus aliados no Senado, por causa de uma pensão de R$ 12 mil, é uma resposta e aviso "global" ao Senado contra a criação da CPI das ONGs, que vai necessariamente chegar aos porões de televisões, revistas, jornais, que usam as ONGs como biombos. E sobretudo a Fundação Roberto Marinho.”

Especulação a gente vê por aqui

Nas investidas dos analistas para tentar entender quem está por trás da Globo na fritura do Renan, qualquer coisa serve para encher as linhas dos jornais. Inclusive esta, do próprio O Globo, de hoje: “Oficialmente, Lula tem sido aconselhado a tentar manter certa distância do caso, para evitar as interpretações possíveis: ou que está querendo ajudar o aliado ou que o abandonou”. Existe isso de conselho oficial? Foi feito através de ofício? E extra-oficialmente, o que estará sendo aconselhado? Que o Lula dê declarações públicas sobre questões de um outro Poder da República?

quarta-feira, 20 de junho de 2007

Dói na alma

Élio Gaspari alerta:“Uma coisa é sofrer as manipulações dos senadores em benefício de Renan Calheiros. Dói, mas não mata. Outra é olhar para o que estão fazendo e concluir que todos os parlamentares, políticos e servidores públicos são ou virão a ser bandidos. Esse comportamento parece que não dói, mas mata a fé do cidadão no Estado de Direito”.

Renan diz que não renuncia

Especula-se que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB/AL) identifica uma pressão da mídia pela sua cassação e acredita que alguns senadores do bloco governista estão em dúvida, como Renato Casagrande (PSB-ES) ou Eduardo Suplicy (PT-SP). Mas negou ontem que esteja disposto a deixar o cargo: "Não saio. Estou tranqüilo. Sofro pressão só da imprensa", disse ontem. E hoje pela manhã, reafirmou: “Eu sou um homem de luta, forjado na luta. Essa palavra renúncia não existe”.

Não é só a imprensa...

Não é bem assim. O senador Pedro Simon (PMDB) não é da imprensa e pediu, no plenário: "Eu acho que esse é o momento que sua Excelência deveria, por contra própria, renunciar ao mandato de presidente do Senado". Também Jefferson Peres (PDT/AM) também reiterou: "Trata-se de um amigo, mas temos que lidar com a razão ao invés do coração. A instituição está acima das pessoas. Se o Conselho de Ética tiver que punir, tem que punir. Senão vai ser a descrença total dessa instituição." Cristovam Buarque (PDT/DF), foi na onda: ““O processo político, como um processo natural, vai evoluindo aos poucos, e, de repente, uma gota d"água faz com que uma represa se derrame”. Suplicy (PT/SP) considera complicado votar pelo arquivamento do processo. “Estão surgindo fatos novos a toda hora”, diz. Renato Casagrande (PSB-ES) anunciou: “ Mesmo que a perícia inocente Renan, vou querer avaliá-la junto com minha assessoria. Quero saber o alcance do exame”. José Agripino Maia, do DEM/RN, reiterou: “Não tem mais clima para a permanência de Renan”. Também deputados do PV e do PSOL fizeram um corpo-a-corpo com integrantes do Conselho de Ética para defender o afastamento de Renan da presidência. O líder do PSOL na Câmara, Chico Alencar (RJ), que também não é da imprensa, vituperou: "Essa compulsão do Conselho de Ética para produzir obra que absolva Renan é insustentável." - lamentou Cristovam.

Estadão quer renúncia e censura

Editorial do Estadão de hoje considera que Renan “perdeu por inteiro as condições morais e políticas para permanecer na direção do Senado”. E aconselha a Renan e aos parlamentares: “A esta altura, excluída por irrealista a hipótese de cassação do senador - e por suicida a da sua absolvição -, um desfecho passável para o escândalo seria ele renunciar à presidência da Casa e o Conselho aplicar-lhe pena de advertência ou censura”.

A realidade não é cinza e nem preto & branco

O ex-presidente do DEM, Jorge Bornhausen (SC) tem defendido no partido que os ataques de agora contra Renan podem voltar-se contra todos os políticos, independentemente de partido. O senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) pediu cautela ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar na votação sobre o caso Renan : “É preciso compreender que há uma batalha política de setores conservadores que não aceitam o fortalecimento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de sua base”, considerou.

De olho na cadeira vazia

Não existe espaço vazio. Líderes partidários articulam nomes para substituir Renan. No PMDB, ventilam o nome de Roseana Sarney (PMDB-MA). O DEM disputou a presidência da Casa com Renan, na última eleição, mas seu candidato, José Agripino Maia (RN), não conseguiu naqueles entonces nem a totadlidade dos votos do seu partido mais o PSDB, mas voltou ao páreo. O PSDB, solidamente instalado em cima do muro, açula o DEM nas suas intenções. O PT fica na moita: o vice-presidente da Casa é Tião Viana (PT-AC), que assumiria mandato-tampão até que sejam convocadas novas eleições.

Esqueceram de mim (ainda bem!)

Villas-Bôas Corrêa registra hoje:
“O presidente Luiz Inácio Lula da Silva é cada vez menos assunto para os comentários dos jornalistas incumbidos de ocupar o espaço das interpretações e análises do jogo do poder”.

Momento Caras: Mônica sobre Mônica

Mônica Bergamo informa em sua coluna:
“A ‘Playboy’ ainda insiste com Mônica Veloso, mãe da filha de Renan Calheiros, para fotografá-la num ensaio sensual. Mas corre contra o relógio. É que as fotos só sairiam em setembro. Até lá, o brilho de Mônica pode ser ofuscado. "Na semana que vem, o Conselho de Ética do Senado encerra o caso Renan. Até setembro, podem acontecer outros três escândalos no governo", diz Edson Aran, diretor da ‘Playboy’".

terça-feira, 19 de junho de 2007

Assim é a nossa classe dominante

A reunião da Comissão de Ética do Senado, ontem, para tratar do affair Renan/Mônica foi estarrecedora. Vários senadores tentaram desqualificar o advogado Pedro Calmon Filho. Este, por sua vez, insinuou a desqualidifcação dos senadores e, em tom professoral, resolveu “explicar, aos senhores que não são advogados, como funcionam as decisões de guarda e pensão de criança”.

Comissão ou júri de programa de auditório?

Alguns parlamentares não resistiram à transmissão ao vivo da sessão e tripudiaram. Gilvam Borges (PMDB-AP) comentou que, desde os tempos de Adão e Eva, as mulheres “seduzem” os homens.
Na verdade, é desde antes, senador. E alguns homens tentam, com sucesso, seduzi-las também. É um jogo muito agradável, quando homens e mulheres sabem e assumem a responsabilidade pelo que fazem.
Mas o comentário do senador, em local e hora impróprias e com nítido viés machista, provocou reação nada sedutora de Marisa Serrano (PSDB-MS): “Registro aqui meu protesto por essa colocação”.

Delação da intimidade?

Já o senador Eduardo Suplicy (PT/SP) não se conteve e perguntou ao advogado da Mônica Veloso se sua cliente havia lhe contado se, durante “seus momentos íntimos com o senador Renan”, havia percebido algo que indicasse “quebra de ética, do ponto de vista do interesse público”, por parte do presidente da Casa.
A grotesca pergunta fez lembrar o festival de delações que imperou durante a CPI do Mensalão, de triste memória.

Momento Caras: baixaria desclassificada

O cinismo, ironia e grosseria não pararam aí. O senador Almeida Lima (PMDB/SE) leu um e-mail com nome e detalhes sobre a filha de Renan e Mônica e ainda deu o endereço eletrônico da mãe da criança.
Nada disso serviu para esclarecer o objetivo da CPI: verificar a origem dos recursos usados por Renan para pagar a pensão alimentícia da filha. Alguém anotou para qual faixa etária a transmissão dessas baixarias foi qualificada pela TV Senado?

Paranóia global

Lembram quando a atriz Regina Duarte fez campanha pro Alckmin dizendo que tinha medo da vitória do Lula? Pois bem, sua colega de emissora, a jornalista Miriam Leitão, ainda não se livrou da paúra. É o que confessa na sua coluna de hoje, temerariamente intitulada “Medo da rotina”.

Escreve ela: “Tenho medo de o Brasil se acostumar”. “Tenho medo de o país já ter se perdido nos escândalos seqüenciais cheios de esquemas complexos”. “Tenho medo de que o Senado continue exibindo o descaramento da pressa explícita de inocentar seu presidente”. “Tenho medo de que o Brasil tenha passado do ponto de transformar escândalos em algo depurador”. “Tenho medo de que nunca se saiba, por súbita inapetência investigatória, em que mesa foi parar aquele envelope pardo com R$100.000, que entrou, pelas mãos da diretora da empreiteira nas cercanias de um gabinete ministerial”. “Tenho medo de que jamais se saiba também que dinheiro era aquele que estava nas mãos de amigos do presidente da República e de seus assessores de campanha num hotel de aeroporto em São Paulo”. “Tenho medo das reformas divorciadas dos diagnósticos”.
Que meda, Miriam! Faz como a Marta, que não tem medo nem de avião: relaxa e goza.

Nunca antes, na República

"O Brasil vive o seu melhor momento desde que a República foi proclamada". Disse o presidente Lula (PT), ontem, sobre o crescimento econômico do país.
Melhor do que hoje, só amanhã, desejo e temo: o melhor já passou...

segunda-feira, 18 de junho de 2007

Sibá acumula

O senador Cafeteira se recusou a deixar a relatoria, mesmo doente. Diz que amanhã consegue participar da reunião. Diante do impasse, o senador Sibá acumula, hoje, as funções de presidente e relator...

Agüenta, coração!

O senador Epitácio Cafeteira (PTB-MA) passou mal na madrugada de sábado (16) para domingo (17), desmaiou no banheiro de sua casa e, socorrido por uma ambulância do Senado, foi internado no Hospital Santa Luzia. Com o diagnóstico de uma leucocitose (aumento de glóbulos brancos no sangue, que pode ser provocado por uma infecção ou inflamação, entre outras causas), o senador já se encontra em casa e está de licença médica por dez dias. Cafeteira, portanto, está neste momento afastado da relatoria da representação do PSOL que pede que o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar investigue se o presidente do Senado, Renan Calheiros, feriu o decoro parlamentar.

O presidente da Comissão, Sibá Machado, passou a manhã de segunda procurando um substituto, sem encontrar.

Realmente, no que pode dar o não uso da camisinha...