sexta-feira, 15 de junho de 2007

Aniversário democrata

A senadora Kátia Abreu (DEM-TO) fez vazar que, na noite da última terça-feira, encontrou-se com o ex-presidente da Câmara, deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), quando discutiram a formação de um bloco PCdoB/Democratas. A conversa teria acontecido no apartamento do presidente nacional do Democratas, Rodrigo Maia, durante a comemoração do aniversário do deputado fluminense.

O boi ainda dá bode...

Estava tudo tranqüilo para o presidente do Senado, Renan Calheiros, na Comissão de Ética, que tem sessão hoje, até que ele foi informado que o Jornal Nacional faria uma reportagem com as denúncias:
Renan diz ter 1.700 cabeças de gado e declara ter lucrado R$ 1,9 milhão em quatro anos, mas os gerente das terras, Everaldo de Lima Silva, afirma que são 1.100 animais (Renan desqualificou seu gerente, ao desmentir a informação); duas, de três das empresas que teriam negociado com Renan, ficam numa mesma rua em Rio Novo, bairro da periferia de Maceió e foram multadas por extravio de notas fiscais; o dono da Carnal, Carne de Alagoas, nega ser autor dos três recibos no valor de R$ 127 mil apresentados pelo senador; a empresa GF da Silva Costa que teria comprado seu gado por de R$ 164 mil é desconhecida eteve seu CPF foi suspenso pela Receita, dentre outras irregularidades. Em resposta, assessoria do Renan disse que ele tem documentos para comprovar suas negociações.
No episódio ficou demonstrado, até o momento, que os senadores precisam mudar, ao menos, a forma como continuam fazendo política no país (já que o conteúdo, cá entre nós, só com uma revolução). E que, os profissionais da Rede Globo, quando podem, realizam em profundidade e com alta qualidade reportagens que aprofundam um tema.

Uma boa notícia

Tereza Cruvinel crava no seu Panorama Político:

“CIRO GOMES passou o dia de anteontem fazendo campanha contra o voto em lista fechada. Mas ao final, absteve-se. “Faço parte de um bloco. Meu partido, o PSB, era radicalmente contra. Um aliado importante, o PCdoB, era apaixonadamente a favor”, justificou. Entende-se. Ciro não é apenas um deputado do PSB. É o candidato a presidente do bloco.”
Boa, Tereza. Não deixa de ser compensador ver que também a fidelidade aos compromissos assumidos é notícia neste país de tanta desmoralização política

Observação pertinaz

A coluna de Clóvis Rossi, de hoje, tem lá sua visão de jornalismo acima dos interesses de classe, mas acerta ao registrar:
“Nada contra o espetáculo nem mesmo contra o jornalismo-espetáculo, que tem seu espaço. Mas o jornalismo de qualidade precisa se lembrar hora a hora, minuto a minuto, que há vida além dos Clodovils da vida.”

Momento Caras: relaxa e goza

O pedido de desculpas da ministra Marta Suplicy, do Turismo, por ter aconselhado “relaxar e gozar” às vítimas das esperas intermináveis nos aeroportos não foi aceito pelos comentaristas e donos de jornais. “As mulheres bem-amadas gostam de chegar cedo em casa”, comentou o cantor Wando, muito executado nos motéis. Até perorações psicanalíticas foram pautadas, como a de Alberto Goldin, para quem “houve uma banalização da situação, como se a ministra orientasse a população a adotar uma posição e uma saída masoquista, ou seja, sofram mas gozem”. Uma colega de profissão de Marta, a sexóloga Regina Navarro Lins, foi solidária: “A verdade é que, cada vez mais, falar de sexo tem se tornado uma coisa natural”.
No Senado, Jefferson Peres (PDT-AM) disse que Marta deveria se demitir: “O que ela fez é indesculpável, é impensável. E não foi frase impensada, não. É o desprezo pelos outros”. O oposicionista Heráclito (DEM-PI) bateu forte: "Não dá para entender este governo: o ministro Mares Guia passou quatro anos combatendo o turismo sexual; agora vem a ministra Marta Suplicy e parece querer estimulá-lo". E surgiram as “informações privilegiadas”. Num vôo de Brasília ao Rio, Marta e Lula teriam conversado o que segue
Marta: -Presidente, sem querer embaracei o governo...
Lula: -Marta, relaxa e goza!

Gozando da nossa cara

Como a melhor defesa é o ataque, é bom lembrar frases de nossas elites em outras oportunidades:
Fernando Henrique Cardoso (PSDB/SP) se referiu aos aposentados como "vagabundos".
Paulo Maluf (PP/SP) aconselhou aos bandidos: "estupra, mas não mata".
O general Figueiredo, quando ditador do país, reclamou do mutum (cheiro) de mães de santo baianas que foram saudá-lo numa de suas visitas a Salvador.

quinta-feira, 14 de junho de 2007

Momento Caras: Caetano vacilão

Caetano Veloso voltou a ser notícia. Finalmente admitiu que Luana Piovani foi sua musa inspiradora numa canção: “Luana não está de todo errada quando diz que a música foi para ela. Grande parte foi inspirada nela. Mas eu não gostei da atitude dela (de dar publicidade a isso). Ela tinha que ter me ligado e perguntado: ‘Caetano, posso falar?’”.
Antes o polêmico artista havia negado a versão da moça e a MTV o havia chamado de “vacilão”...

Ciúmes

O Informe DF, do Jornal do Brasil, continua hoje suas especulações sobre as relações entre o PCdoB e o governo Arruda, do DEM/DF:
Desconfiança
Se há na política brasiliense algo que irrita dirigentes petistas são as sondagens feitas ao ex-ministro Agnelo Queiroz, do PCdoB, para ocupar uma secretaria no governo de José Roberto Arruda. Os caciques do PT acreditam que tudo não passa de intriga feita com o objetivo de levar a desconfiança entre parceiros que nunca foram assim tão próximos e dividir as esquerdas. O que mais os preocupa é a simpatia com que o presidente Lula encara essa negociação. Acham que correm o risco de sobrar nessa história toda.

Navalha cega

O Correio Braziliense revela que os parlamentares solidários com o deputado Paulo Magalhães (DEM-BA), sobrinho do senador Antônio Carlos Magalhães (DEM-BA), não subscreveram o pedido da CPI da Operação Navalha. O sobrinho de ACM é acusado pela Polícia Federal de envolvimento com o esquema da empreiteira Gautama, do empresário Zuleido Veras. Mas daí o Correio parte pra acusação sem provas (seria a continuidade do mensalão?): “Os parlamentares do PMDB que estavam descontentes com o governo deixaram de assinar o requerimento em função da promessa de cargos, principalmente o grupo liderado pelo deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ)”.
Ora, se isso é verdade, aí está uma grande pauta de reportagem para o jornal e uma denúncia para a PF apurar. Mas esse tipo de jornalismo rastaqüera, em que a acusação é prova, vai ocupando sem conseqüências as páginas dos jornalões.

Momento Caras: a política da alcova

A ministra Marta Suplicy (Turismo) divulgou nota pedindo desculpas pelo "relaxe e goze" que aconselhou aos brasileiros que penam nos aeroportos. Além dessa frase inadequada para o momento (dita no lugar certo, ela é válida, claro), a ministra também disse à jornalista Renata Giraldi, da Folha Online, que o sofrimento dos passageiros é esquecido quando, depois da longa espera nos saguões, usufruírem dos prazeres da viagem: "É igual a parto, depois a gente nem lembra da dor..."
Esta última analogia, naturalmente, só serve para as mães. Quanto ao "relaze e goze", como diz uma amigo meu, dependendo da idade, se relaxar não goza...

Oposição ao governo, não ao Renan

Os aliados do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), deram ontem o passo decisivo para enterrar a denúncia contra ele no Conselho de Ética. O relator do processo, Epitácio Cafeteira (PTB-MA), pediu arquivamento do caso, o que deverá votado amanhã. “Eu não mudo uma vírgula do meu relatório. Estou há três dias sem comer, dormindo mal em busca de uma prova que justifique a abertura de inquérito e não encontrei”, disse ele. Os oposicionistas (ao governo federal, não ao Renan – interessante que os jornais não destacam isso!), mesmo dispostos a também encerrar o caso, fizeram alertas de que haveria desgaste do Senado. “Sem querer sangrar nosso presidente, essa não é nossa intenção, nós temos o direito de investigar”, reclamou o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), confessando: “Não queremos dizer que o senador Renan Calheiros seja culpado. Mas da forma como foi feito o processo, fica parecendo que ele tem algo a esconder.” O PSOL ameaça ir à Justiça: “Foi um teatro, não vamos aceitar”, avisa o líder do partido na Câmara, Chico Alencar (RJ).

JB x Chávez, mas a favor da Venezuela no Mercosul

Editorial do JB hoje contraria a oposição conservadora: “A lógica para embarreirar a entrada da Venezuela no Mercosul não pode se fundamentar em discussões sobre a cláusula democrática do Mercosul. No país de Chávez, tudo é legal e democrático, pelo menos teoricamente. A classe política brasileira prestaria um serviço mais relevante ao país se aproveitasse a oportunidade para barganhar condições que garantissem a viabilidade de todo o bloco, atendo-se à ameaça que a diplomacia dos petrodólares efetivamente traz a uma integração econômica capaz de distribuir os ganhos entre todos os participantes”.

Greve no Bom Dia Brasil

Para os jornalistas da Rede Globo, os trabalhadores usarem do seu direito de fazer greve é um absurdo e só atrapalha a vida dos outros. Envolvidos pela cultura do individualismo exacerbado do capital, só faltou dizerem que os metroviários de São Paulo são uns egoístas e folgados!!
Engraçado que quando pipocou a discussão sobre a lei do governo que proíbe certas categorias de servidores públicos deste mesmo direito, a emissora saiu em defesa deles...

quarta-feira, 13 de junho de 2007

PCdoB está fora ou está dentro?

Ao contrário do que Denise Rothenburg informou (e foi colocado neste blog) no Correio Braziliense de 1º de junho, não acabou o flerte entre o PCdoB e o governo Arruda, do Distrito Federal. Isto se for verdade o que diz o Informe DF, do Jornal do Brasil de hoje (é sempre bom relembrar que às vezes a única coisa verdadeira num jornal é a data de sua publicação – e nas revistas semanais, nem isso!):
PCdoB a bordo
O INGRESSO do ex-ministro Agnelo Queiroz no secretariado de José Roberto Arruda está em plena costura. Conta com uma referência nacional e é acompanhado pela cúpula do Democratas, o partido do governador. Seria o primeiro caso em que um integrante do PCdoB participa de um governo do antigo PFL. Também o presidente Luiz Inácio Lula da Silva -que se encontrou três vezes com Arruda em dez dias, uma no jogo da seleção brasileira em Londres e duas na segunda-feira -está acompanhando esse negociação. Não por acaso, o governador do Distrito Federal, ao falar na cerimônia de transferência da tocha Pan-Americana, fez calorosas referências ao trabalho do Ministério do Esporte e à gestão de Agnelo. As conversas entre integrantes do governo Arruda e Agnelo já se estendem há algum tempo. A Secretaria da Saúde tem sempre sido citada como pólo das negociações. Não é bem assim. A Saúde é uma das secretarias que apresenta maior repercussão social e que conta com maior volume de recursos. De quebra, o atual secretário, José Geraldo Maciel, está com força total, inclusive por ter transformado a pasta de problema em solução. Só sai do cargo se quiser e se for necessário em outra missão. Seria o caso, por exemplo, da presidência do Banco de Brasília, o BRB, mas há outras opções. Por outro lado, após ter sido ministro, Agnelo poderia encarar a Secretaria dos Esportes como um posto menor, ainda que receba peso estratégico no governo Arruda, já que cuidará das Vilas Olímpicas. De qualquer forma, Arruda gostaria mesmo de compor uma enorme frente política, bem a exemplo do que faz em Minas Gerais o governador tucano Aécio Neves, sempre citado por ele como modelo. Arruda já conseguiu montar um arco de alianças que se estende do PDT e PSB até parte do núcleo rorizista. Seus principais aliados não escondem que uma ampliação que incorporasse segmentos mais à esquerda seria bem vista por eles, de olho em 2010.

Pinga-pinga nos jornais

O Jornal Nacional de ontem praticamente fez um editorial com Lula defendendo o irmão Genival Inácio da Silva, o Vavá, que é, segundo o presidente, ingênuo mas não lobista. O chefe de governo pediu cuidado na divulgação das informações investigadas pela Polícia Federal. Desabafou: “Cabe ao delegado investigar e cabe a ele, então, mandar para o Ministério Público que vai dizer se vai indiciar ou não e fazer o processo. Não cabe ao delegado passar para a imprensa. O que eu tenho percebido, e por isso que disse que é um momento de reflexão profundo, é o seguinte: dependendo se houver briga política, as pessoas vão pingando pra um jornal uma coisa, pra outro jornal outra coisa e as pessoas, sem ter o direito de se defender, vão sendo execradas, condenadas aos olhos da opinião pública, sem poder provar se são inocentes”.

Cá entre nós, tem razão o presidente de origem popular.

Mídia, essa "besta selvagem"

Também o primeiro-ministro do Reino Unido, Tony Blair, afirmou ontem que os veículos de comunicação britânicos agem como "bestas selvagens". Em discurso na sede da agência de notícias Reuters, em Londres, disse: "Acho que a relação entre a vida pública e a imprensa está danificada de uma maneira que deve ser reparada. O dano prejudica a confiança do país e suas crenças, prejudica a avaliação sobre si mesmo, suas instituições, e, sobretudo, reduz nossa capacidade para tomar as decisões corretas".
Pleno de razão o aristocrático dirigente do Império Britânico

Primeiro é preciso julgar, pra depois condenar

O líder do PP na Câmara, Mário Negromonte (PP-BA), afirmou que "não se pode julgar ou condenar alguém apenas com bases em informações veiculadas na imprensa".
Também há razão, aqui. Imprensa não é tribunal e nem a opinião pública (aliás, não raras vezes reacionária e errada, em que pesem populistas de todos os partidos defendê-la) é júri. Como dizia o esquecido Marx, a ideologia de uma época é a da classe dominante.

Lista fechada

Denise Rothenburg informa, no Correio Braziliense: Os deputados do PSB planejam hoje anunciar o voto da bancada contra a lista fechada para eleição de deputados e vereadores. Acham que esse sistema, se adotado, impedirá o surgimento de novos líderes políticos. Do bloco de esquerda que reúne PSB, PDT e PCdoB, só os comunistas são defensores do voto em lista.

Senador patrão não respeita trabalhador

Bate-boca na Comissão de Assuntos Econômicos, ontem, entre Aloizio Mercadante (PT/SP) e Tasso Jereissati (PSDB/CE), por um motivo qualquer. O tucano reclamava que o petista se orientava em artigos do regimento do Senado e por um “rapazinho”, referindo-se a um assessor da Casa. Mercadante afirmou que o funcionário tinha "dez anos de Senado". Neste momento, um assessor (faz parte de seu serviço...) também entrega a Tasso o regimento. O tucano caçoou: “Olha só, também ganhei um livrinho igual ao de Vossa Excelência.” Em novo bate-boca, o empresário cearense ironizou: “Vai agora se transformar no defensor dos rapazinhos do Brasil?” Mercadante respondeu: “Tenho respeito por ele.”
Realmente, não é comum nas nossas casas grandes o respeito ao pessoal da senzala – seja qual for a cor do infeliz (“quase preto, quase branco”, cantaria Caetano) que vive do próprio trabalho...

Onde está a impunidade

Marco Antonio Villa, professor de história do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de São Carlos (SP), escreve com razão, na Folha de S. Paulo: “O nó górdio da impunidade -e que atinge o coração da democracia- não está no Executivo nem no Legislativo, mas no Poder Judiciário. Os dois primeiros Poderes, apesar dos defeitos que possuem, sofrem vigilância muito mais severa da imprensa, são mais transparentes e democráticos. Do Judiciário, pouco ou nada sabemos”.

Isso lá é verdade...

O Marcos Coimbra, da Vox Populi, escreve nos jornais de hoje que o que se vem publicando a respeito do affair conjugal envolvendo Renan e as mães de seus filhos, Verônica e Mônica “tem um claro atributo: está longíssimo da vida concreta das pessoas comuns. Não que uma aventura extraconjugal e suas conseqüências sejam coisas raras em nossa sociedade. Mas, daí para frente, tudo nele é quase estratosférico para o cidadão do povo, a começar pelo dinheiro envolvido. Uma pensão de R$ 10 mil? Aluguéis pagos à vista de R$ 43 mil? Pagamentos em espécie de R$ 100 mil?”
E isso sem falar da origem do dinheiro, seu Coimbra, sem falar da origem do dinheiro, que ninguém sabe, ninguém viu, tal qual a Conceição.

Albânia dá sinal de vida!

Informa a Associated Press que o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, teve seu relógio esportivo com pulseira preta e fundo branco surrupiado (ou seria melhor dizer “expropriado”?) quando cumprimentava populares numa praça em Fushe Kruje, na outrora baluarte comunista Albânia. Foi a primeira visita de um presidente dos EUA ao pequeno país dos Bálcãs.
Mas o mais provável, do jeito que as coisas andam por lá, é que Bush tenha sido mesmo furtado, e não expropriado... De qualquer forma: hehehehehehe

terça-feira, 12 de junho de 2007

Crise de decência

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso reclamou que está faltando crença no Brasil. “Ou recuperamos a decência ou não há o que fazer. O povo sente que essas coisas estão acontecendo. Vivemos essa moleza, essa manemolência, que é uma característica nossa, mas chegou a um ponto que é inaceitável”, afirmou.
O príncipe dos sociólogos esqueceu de dizer, contudo, quando as classes dominantes brasileiras foram “decentes” para que possamos recuperar esse período. Decerto, não foi no seu governo privatista e silenciador da Procuradoria Geral da União e inviabilizador de CPIs.

É melhor pagar o preço da democracia

A ONG Transparência Brasil revela que a manutenção das três esferas do Poder Legislativo - federal, estadual e municipal - custa, em média, R$ 117,42 por habitante nas capitais. Considerando o Produto Interno Bruto (PIB) per capita de cada uma das capitais, o gasto total por habitante com o Poder Legislativo representa 4,1% da renda de cada morador de Boa Vista (RO) - R$ 224,82 dos R$ 5.532,30 aferidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2004.
O menor gasto em relação ao PIB per capita é o de Vitória (ES), onde os moradores gastam 0,4% de sua renda para sustentar as três esferas do Legislativo - R$ 121,05 de R$ 29.951,28. A capital capixaba possui o maior PIB per capita entre as capitais analisadas, seguida por Manaus (AM), onde os habitantes gastam 0,5% do PIB per capita com o Legislativo - R$ 96,05 de R$ 18.635,36 -, e São Paulo (SP), onde os gastos também chegam a 0,5% da renda - R$ 68,51 de R$ 14.820,90.
Segundo o levantamento, para um orçamento anual de R$ 2,7 bilhões, cada um dos 81 senadores conta com R$ 33,4 milhões. Já na Câmara, os recursos são de R$ 6,6 milhões para cada um dos 513 deputados federais. Os deputados federais custam R$ 18,14 por brasileiro e os senadores R$ 14,48, levando-se em conta uma população de pouco mais de 186 milhões de habitantes.“A distorção no Senado é imensa, numa Casa que deveria até desaparecer”, argumentou o diretor-executivo da Transparência Brasil, Cláudio Weber Abramo. Aliás, na última Constituinte os parlamentares do PCdoB propuseram a extinção do Senado. De qualquer forma, é melhor pagar pela democracia do que viver sem ela.

Páginas da vida...

Os jornais informam que, na reunião de coordenação política, ontem, no Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que seu irmão Vavá, investigado por trafico de influência pela Polícia Federal, tem "bom coração" e uma espécie de "paizão", mas alguém "limitado", sem condições de fazer lobby. Vavá seria limitado para concluir qualquer tipo de negociação, além de sua incapacidade de ter acesso ao poder. Seria mais um aloprado da vida...

Por falar em Araguaia...

Hoje também se completam 40 anos da primeira cirurgia que o médico da Guerrilha do Araguaia João Haas Sobrinho realizou na cidade de Porto Franco, no Maranhão, onde montou um pequeno hospital. Militante do Partido Comunista do Brasil, o doutor havia chegado havia pouco tempo da China, onde recebeu treinamento militar.

A cirurgia foi realizada no pé de um morador que estava com um espinho de tucum atingindo o nervo. Hoje, o hospital que fundou leva seu nome.

Haas Sobrinho foi morto em combate em 30 de setembro de 1972, em Piçarra, próximo a Xambioá. Seu corpo crivado de balas foi exposto à população de Porto Franco e de Xambioá. Contam as testemunhas locais que sua perna direita estava quebrada e a barriga cortada e costurada com cipó. O objetivo era aterrorizar a comunidade que se solidarizava com os guerrilheiros. A população passou o dia velando o corpo, apesar de ser proibido pelo exército. Segundo informações dos moradores de Xambioá, foi enterrado no cemitério da cidade.

Em 1991, foram encontradas duas ossadas no cemitério. Uma delas foi identificada em 1996 como sendo de Maria Lúcia Petit da Silva. A outra, resgatada de lá, não foi identificada e não se sabe de seu paradeiro.

Há suplentes e suplentes...

Interessante o artigo de Raymundo Costa sobre os suplentes que assumiram mandato no Senado. “Atualmente, 13,5% dos senadores exercem o mandato sem um único voto. São 11 - em 81 - suplentes de senador que assumiram o cargo devido ao afastamento do titular”, informa e condena. Cita vários desses parlamentares, dos quais, pelo tom do artigo, ele não gosta. Mostra simpatia pela proposta de que o suplente seja eleito: assume, em caso de impedimento do titular, o segundo mais votado, independentemente do partido. “A indicação dos suplentes da chapa é de livre escolha do candidato ao Senado. É natural a indicação de familiares e do financiador da campanha”. Diz ele.
Não é bem assim. Há casos em que o suplente é indicado pela coligação que integra a chapa, como o caso de Wagner Gomes, do PCdoB paulista, por exemplo, suplente do senador petista Mercadante, que participou ativamente da campanha, nos comícios e nas inserções de rádio e TV. Mas há casos como os que Raymundo cita, embora ele não tenha se referido Antônio Carlos Magalhães Filho, que substituiu o pai quando ACM se afastou da função para não perder o mandato em meio a evidências de corrupção...

Chávez assanha a direita

Em editorial, o Correio Braziliense diz que o DEM e o PSDB ameaçam impedir a adesão plena da Venezuela ao Mercosul, alegando que esse país não é democrático. E saúda: “acerta a oposição ao insistir nesse debate”.
Argumento semelhante deixou Cuba fora da Organização dos Estados da América (OEA) – aliás, o único país que não integrava esse conchavo (e não integra, até hoje), mesmo quando vários países viviam sob o terror ditatorial – com o apoio de vários parlamentares que hoje integram (e alguns comandam) o DEM e a conivência de vários órgãos de imprensa hoje "democráticos".

Xô, Passarinho!

O eterno golpista e ex-ministro, governador e senador da ditadura militar, general Jarbas Passarinho, continua com as garras afiadas contra democratas e comunistas. Na sua coluna deste 12 de junho defende os “métodos da contra-insurreição”, como chama o terror ditatorial do qual foi um dos autores, e ataca os revolucionários.
Em reportagem no JB, Vasconcelos Quadros diz que esse mesmo Passarinho “revela detalhes que reforçam a suspeita de que ainda estão vivos alguns guerrilheiros do Araguaia que hoje - 32 anos depois do fim do conflito - freqüentam todas as listas de desaparecidos políticos”.
Vasconcelos cita a jornalista e pesquisadora Myrian Alves, para quem as dúvidas sobre a existência ou não de sobreviventes são reforçadas pela falta de informações sobre o destino de guerrilheiros que foram vistos vivos pela população e sobre os quais não há, nos relatórios da esquerda ou em documentos militares pesquisados, qualquer tipo de informação sobre o destino que tiveram. “De fato, suspeita-se que alguns possam estar vivos”, diz ela.

Dia de combate ao trabalho infantil

Hoje, dia 12 de junho, além de Dia dos Namorados - tão lembrado por comerciantes interessados em lucrar com os corações apaixonados - é o Dia de Combate ao Trabalho Infantil. O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) vai começar a veicular uma campanha para ajudar a identificar a situação de trabalho infantil e denunciá-las. Segundo o IBGE, são mais de 3 milhões de jovens menores de 16 anos que trabalham. A maioria, meninas.

Versão da Folha e do Discovery

No domingo passado (10) o Discovery Channel passou um documentário sobre o acidente da Gol e do jato Legacy. Tá todo mundo ainda investigando o caso e recentemente sairam os indiciamentos. Mas o canal se adiantou. Chamou a atenção que entre os comentaristas todos, entre controladores e representantes da Infraero, o depoimento que intercalava os outros dando a linha do argumento era o da jornalista Eliane Cantanhêde, colunista da Folha de S. Paulo. A opinião emitida reafirmou a necessidade da "desmilitarização" caminhando para a privatização do setor. São muitos interesses em jogo...