segunda-feira, 28 de maio de 2007

O alerta de Mauro Santayana

A polícia não pode ter autonomia em nenhum sistema político. Nos regimes totalitários, chega o momento em que mesmo os tiranos temem as corporações de segurança do Estado, quando a elas não se submetem. Os documentos disponíveis sobre o nazismo e o stalinismo mostram como as intrigas, a fabricação de provas, a luta interna, tanto na Gestapo, quanto na NKVD, podiam não só conduzir inocentes à morte, mas, da mesma forma, determinar a Política do Estado. Ernst Röhm, chefe das SA, foi decisivo para a tomada do poder pelos nazistas. Em 1934, com as informações e a ajuda de Reinhard Heydrich, chefe da Gestapo, Hitler invadiu um hotel do balneário de Bad Wiessee, retirou Röhm da cama, e mandou matá-lo, certo de que ele organizava um golpe. Desde que assumiu a chefia da Gestapo, aos 32 anos, até sua morte, aos 38, Reinhard Heydrich foi um dos principais policy makers do regime. Coube-lhe o projeto de eliminar fisicamente os judeus da Europa, com a Endlösung, a solução final, aprovada em janeiro de 1942.

Na União Soviética foi notória a poderosa influência de Beria sobre Stalin. Alguns historiadores concluem que Stalin era dominado pelo encarregado da segurança do regime. Sendo o segundo da NKVD, coube a Beria articular toda a purga no Partido Comunista, entre 1936 e 1938. E a ele se deve a prisão e a morte de seu chefe, Nicolay Yezhov, em 1938, para assumir, em seguida, com a KGB, o controle da segurança da URSS.

Antes que Beria mobilizasse o seu poder, logo depois da morte de Stalin, a fim de substituí-lo, Molotov, Malenkov e Kruschev articularam rapidamente sua prisão, condenação e execução.Adiante, o articulista do JB pondera: “Infelizmente o Parlamento brasileiro, como quase todos os parlamentos do mundo, encontra-se em crise. Mas não podemos fechar o Congresso e encarregar a Polícia Federal de governar o país pela intimidação e pelo medo. Os cidadãos de bem não podem ser reféns da polícia”.

Nenhum comentário: