quarta-feira, 27 de junho de 2007

Mercosul capitalista

Um jornal alemão entrou na campanha para minar o Mercosul e o culpado, claro, é o presidente da Venezuela Hugo Chávez. Disse que o organismo "definha", avalia que "Chávez parece ter perdido a vontade de cooperar" e ainda retoma inspira de Guerra Fria afirmando que o Mercosul "é um clube essencialmente capitalista, para quem o socialismo do século 21 da Venezuela, marcado por estatizações, não pega bem".

A integração do continente incomoda muita gente...

segunda-feira, 25 de junho de 2007

Reforma política, aborto e tv pública

Terça-feira pode ocorrer a votação na reforma política na Câmara. O relator talvez apresente um substitutivo à proposta, que recebeu 346 emendas em Plenário.
O Presidente marcou sessões extraordinárias para terça a quinta, tendo por pauta duas Medidas Provisórias e o PL do Executivo e os dois projetos da reforma política.Nas comissões permanentes, na quarta-feira haverá audiência sobre legislação sobre aborto - o comando da Igreja Católica está alvoroçado com o assunto. Também na quarta o Ministro da Comunicação Social, Franklin Martins, falará sobre o projeto de criação da televisão pública brasileira.

A insensatez de Fernando Rodrigues

Na sua coluna de hoje, o analista da Folha achincalha a Câmara: "A indigência intelectual da Casa que" (Arlindo Chinaglia) "preside acaba de produzir um projeto frankenstein de mudanças político-eleitorais".
A quem interessa esse tipo de crítica ao parlamento? Certamente isso não vai aperfeiçoá-lo, mas desacreditá-lo.

Atestado de inocência

É o Estadão, famoso por seu anticomunismo explícito, quem constata:Dos irmãos Calheiros, apenas o comunista Renildo não tem base eleitoral em Alagoas, embora tenha nascido lá, e não foi envolvido nas denúncias de recebimento de propina da empreiteira Gautama, do empresário Zuleido Veras.

De palavra em palavra

O Estadão fez uma seleção de frases do affair a respeito do presidente do Congresso, Renan Calheiros:
“O senador Renan Calheiros deveria se afastar do cargo de presidente do Senado”

Jefferson Peres (PDT-AM), o primeiro a pedir a saída do presidente do Senado, em 29/5

“Tenho apoio de 80 dos 81 senadores. Só não tenho do senador Jefferson Peres”

Renan Calheiros (PMDB-AL), ainda forte, rebatendo a idéia de Peres, em 30/5

“Não quero condenar, quero absolver”

Romeu Tuma (DEM-SP), corregedor do Senado, ao iniciar a análise do caso de Renan, em 31/5

“Não podemos aceitar a absolvição por antecipação”

José Nery (PSOL-PA), autor da ação contra Renan, sentindo que ganhava terreno a articulação pelo arquivamento do caso, em 11/6

“É preciso aprofundar a apuração para que não fiquem dúvidas”

Eduardo Suplicy (PT-SP), engrossando o coro por mais investigações, em 12/6

“É preciso que se façam mais investigações. Há evidências de problemas na negociação do gado”

Demóstenes Torres (DEM-GO), depois da reportagem do JN que mostrou problemas na compra e venda de gado feitas por Renan, em 14/6

“O momento é de cautela”

Renato Casagrande (PSB-ES), aliado de Renan, começando a mudar de opinião depois da revelação de problemas nos documentos apresentados por Renan, em 14/6

“Se não votarem meu relatório hoje, eu renuncio”

Epitácio Cafeteira (PTB-MA), primeiro relator do caso no Conselho de Ética, em 15/6
“Tudo bem, aceito que façam novas perícias, mas não mudo uma linha do relatório”

Epitácio Cafeteira, cedendo às pressões por mais investigações, em 15/6

“O Senado está sangrando muito mais do que Renan”

Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), insatisfeito com os estragos institucionais causados pela tentativa de arquivar o caso, em 18/6

“Parece até que está havendo uma torcida contra o senador Renan”

Valdir Raupp (PMDB-RO), aliado de Renan tentando sair em socorro do presidente do Senado, em 19/6

“A sociedade está ridicularizando de tal maneira o Senado que passou do ponto. A hora de renunciar é esta”

Pedro Simon (PMDB-RS), pedindo a renúncia, em 19/6

“Eu desejo continuar como relator. Quero tanto que vou repetir: quero continuar como relator”

Wellington Salgado (PMDB-MG), aliado de Renan nomeado relator no lugar de Cafeteira, contestando as acusações de que teria negócios com o senador alagoano, o que o impediria de ocupar o cargo, em 20/6

“Renúncia não existe no meu dicionário”

Renan Calheiros, acuado, rebatendo a possibilidade de deixar o posto, em 20/6

“Eu desisto de ser relator”

Wellington Salgado, deixando o posto pouco tempo depois de perceber que seu relatório pedindo o arquivamento do caso não seria votado, em 20/6

“Estou sendo vítima de um processo esquizofrênico”

Renan Calheiros, amargando a derrota no Conselho de Ética que decidiu ampliar a investigação sobre seu caso, em 21/6

quinta-feira, 21 de junho de 2007

O falso argumento da suplência

Vários jornalistas, inclusive dos mais creditados junto aos leitores, como Jânio de Freitas, Carlos Heitor Cony, Hélio Fernandes, Merval Pereira e Dora Kramer, estão questionando a legitimidade dos suplentes de senadores que assumiram o mandato, como o presidente da Copmissão de Ética, Sibá Machado (PT-AC), e o relator 24 horas do processo contra Renan, Wellington Salgado (PMDB/MG).
Estes senadores teriam cometido o pecado capital de mostrarem-se favoráveis a Renan. Porém, um dos primeiros a declarar-se disposto a provar a inocência de Renan não é suplente em exercício do mandato: Romeu Tuma (DEM/SP). E o senador que propôs a ação, José Nery (PSOL/PA), é, também ele, um suplente de Ana Júlia Carepa (PT), que deixou o cargo por ter sido eleita governadora do Pará. Estranhamente, este não entra na lista dos "malditos" suplentes sem votos...

Fúria repentina da Globo

Cui prodest? Os criminalistas costumam usar a expressão latina que significa A quem aproveita? quando querem saber que sairá beneficiado de determinada causa. Ontem, na Comissão de Ética, o senador comunista cearense Inácio Arruda registrou que a imprensa acerta muitas vezes, mas também erra. E lembrou que os órgãos de comunicação têm donos e esses têm posições políticas que expressam através de seus veículos. Na sua coluna de hoje, o jornalista Sebastião Nery vai pelo mesmo caminho:
“Mas por que, de repente, essa fúria apurativa exatamente no Senado, quando a maioria da imprensa critica a Polícia Federal, sobretudo o correto e imperturbável Paulo Lacerda, pelas indispensáveis ações contra a corrupção?
Isso tem um nome e precisa ser denunciado: chama-se CPI das ONGs. A criação da CPI das ONGs no Senado, com número suficiente de assinaturas, já formalizada, embora ainda engavetada esperando hora para instalar, foi como o Senado atiçar um vespeiro, bulir numa fantástica casa de marimbondo.”

O Senado ainda não pôs para funcionar, mas já criou. Virou enorme ameaça. As ONGs são hoje a maior e mais criminosa caixa preta do País : são centenas de milhares, recebem bilhões dos governos e não prestam contas a ninguém. A maior delas, mais faturante, mais poderosa, mais nebulosa, mais cabulosa, mais indevassável, é precisamente a "Fundação Roberto Marinho".
E adiante:“Essa fúria repentina e desbragada do sistema "Globo" contra o senador RENAN e seus aliados no Senado, por causa de uma pensão de R$ 12 mil, é uma resposta e aviso "global" ao Senado contra a criação da CPI das ONGs, que vai necessariamente chegar aos porões de televisões, revistas, jornais, que usam as ONGs como biombos. E sobretudo a Fundação Roberto Marinho.”

Especulação a gente vê por aqui

Nas investidas dos analistas para tentar entender quem está por trás da Globo na fritura do Renan, qualquer coisa serve para encher as linhas dos jornais. Inclusive esta, do próprio O Globo, de hoje: “Oficialmente, Lula tem sido aconselhado a tentar manter certa distância do caso, para evitar as interpretações possíveis: ou que está querendo ajudar o aliado ou que o abandonou”. Existe isso de conselho oficial? Foi feito através de ofício? E extra-oficialmente, o que estará sendo aconselhado? Que o Lula dê declarações públicas sobre questões de um outro Poder da República?

quarta-feira, 20 de junho de 2007

Dói na alma

Élio Gaspari alerta:“Uma coisa é sofrer as manipulações dos senadores em benefício de Renan Calheiros. Dói, mas não mata. Outra é olhar para o que estão fazendo e concluir que todos os parlamentares, políticos e servidores públicos são ou virão a ser bandidos. Esse comportamento parece que não dói, mas mata a fé do cidadão no Estado de Direito”.

Renan diz que não renuncia

Especula-se que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB/AL) identifica uma pressão da mídia pela sua cassação e acredita que alguns senadores do bloco governista estão em dúvida, como Renato Casagrande (PSB-ES) ou Eduardo Suplicy (PT-SP). Mas negou ontem que esteja disposto a deixar o cargo: "Não saio. Estou tranqüilo. Sofro pressão só da imprensa", disse ontem. E hoje pela manhã, reafirmou: “Eu sou um homem de luta, forjado na luta. Essa palavra renúncia não existe”.

Não é só a imprensa...

Não é bem assim. O senador Pedro Simon (PMDB) não é da imprensa e pediu, no plenário: "Eu acho que esse é o momento que sua Excelência deveria, por contra própria, renunciar ao mandato de presidente do Senado". Também Jefferson Peres (PDT/AM) também reiterou: "Trata-se de um amigo, mas temos que lidar com a razão ao invés do coração. A instituição está acima das pessoas. Se o Conselho de Ética tiver que punir, tem que punir. Senão vai ser a descrença total dessa instituição." Cristovam Buarque (PDT/DF), foi na onda: ““O processo político, como um processo natural, vai evoluindo aos poucos, e, de repente, uma gota d"água faz com que uma represa se derrame”. Suplicy (PT/SP) considera complicado votar pelo arquivamento do processo. “Estão surgindo fatos novos a toda hora”, diz. Renato Casagrande (PSB-ES) anunciou: “ Mesmo que a perícia inocente Renan, vou querer avaliá-la junto com minha assessoria. Quero saber o alcance do exame”. José Agripino Maia, do DEM/RN, reiterou: “Não tem mais clima para a permanência de Renan”. Também deputados do PV e do PSOL fizeram um corpo-a-corpo com integrantes do Conselho de Ética para defender o afastamento de Renan da presidência. O líder do PSOL na Câmara, Chico Alencar (RJ), que também não é da imprensa, vituperou: "Essa compulsão do Conselho de Ética para produzir obra que absolva Renan é insustentável." - lamentou Cristovam.

Estadão quer renúncia e censura

Editorial do Estadão de hoje considera que Renan “perdeu por inteiro as condições morais e políticas para permanecer na direção do Senado”. E aconselha a Renan e aos parlamentares: “A esta altura, excluída por irrealista a hipótese de cassação do senador - e por suicida a da sua absolvição -, um desfecho passável para o escândalo seria ele renunciar à presidência da Casa e o Conselho aplicar-lhe pena de advertência ou censura”.

A realidade não é cinza e nem preto & branco

O ex-presidente do DEM, Jorge Bornhausen (SC) tem defendido no partido que os ataques de agora contra Renan podem voltar-se contra todos os políticos, independentemente de partido. O senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) pediu cautela ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar na votação sobre o caso Renan : “É preciso compreender que há uma batalha política de setores conservadores que não aceitam o fortalecimento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de sua base”, considerou.

De olho na cadeira vazia

Não existe espaço vazio. Líderes partidários articulam nomes para substituir Renan. No PMDB, ventilam o nome de Roseana Sarney (PMDB-MA). O DEM disputou a presidência da Casa com Renan, na última eleição, mas seu candidato, José Agripino Maia (RN), não conseguiu naqueles entonces nem a totadlidade dos votos do seu partido mais o PSDB, mas voltou ao páreo. O PSDB, solidamente instalado em cima do muro, açula o DEM nas suas intenções. O PT fica na moita: o vice-presidente da Casa é Tião Viana (PT-AC), que assumiria mandato-tampão até que sejam convocadas novas eleições.

Esqueceram de mim (ainda bem!)

Villas-Bôas Corrêa registra hoje:
“O presidente Luiz Inácio Lula da Silva é cada vez menos assunto para os comentários dos jornalistas incumbidos de ocupar o espaço das interpretações e análises do jogo do poder”.

Momento Caras: Mônica sobre Mônica

Mônica Bergamo informa em sua coluna:
“A ‘Playboy’ ainda insiste com Mônica Veloso, mãe da filha de Renan Calheiros, para fotografá-la num ensaio sensual. Mas corre contra o relógio. É que as fotos só sairiam em setembro. Até lá, o brilho de Mônica pode ser ofuscado. "Na semana que vem, o Conselho de Ética do Senado encerra o caso Renan. Até setembro, podem acontecer outros três escândalos no governo", diz Edson Aran, diretor da ‘Playboy’".

terça-feira, 19 de junho de 2007

Assim é a nossa classe dominante

A reunião da Comissão de Ética do Senado, ontem, para tratar do affair Renan/Mônica foi estarrecedora. Vários senadores tentaram desqualificar o advogado Pedro Calmon Filho. Este, por sua vez, insinuou a desqualidifcação dos senadores e, em tom professoral, resolveu “explicar, aos senhores que não são advogados, como funcionam as decisões de guarda e pensão de criança”.

Comissão ou júri de programa de auditório?

Alguns parlamentares não resistiram à transmissão ao vivo da sessão e tripudiaram. Gilvam Borges (PMDB-AP) comentou que, desde os tempos de Adão e Eva, as mulheres “seduzem” os homens.
Na verdade, é desde antes, senador. E alguns homens tentam, com sucesso, seduzi-las também. É um jogo muito agradável, quando homens e mulheres sabem e assumem a responsabilidade pelo que fazem.
Mas o comentário do senador, em local e hora impróprias e com nítido viés machista, provocou reação nada sedutora de Marisa Serrano (PSDB-MS): “Registro aqui meu protesto por essa colocação”.

Delação da intimidade?

Já o senador Eduardo Suplicy (PT/SP) não se conteve e perguntou ao advogado da Mônica Veloso se sua cliente havia lhe contado se, durante “seus momentos íntimos com o senador Renan”, havia percebido algo que indicasse “quebra de ética, do ponto de vista do interesse público”, por parte do presidente da Casa.
A grotesca pergunta fez lembrar o festival de delações que imperou durante a CPI do Mensalão, de triste memória.

Momento Caras: baixaria desclassificada

O cinismo, ironia e grosseria não pararam aí. O senador Almeida Lima (PMDB/SE) leu um e-mail com nome e detalhes sobre a filha de Renan e Mônica e ainda deu o endereço eletrônico da mãe da criança.
Nada disso serviu para esclarecer o objetivo da CPI: verificar a origem dos recursos usados por Renan para pagar a pensão alimentícia da filha. Alguém anotou para qual faixa etária a transmissão dessas baixarias foi qualificada pela TV Senado?

Paranóia global

Lembram quando a atriz Regina Duarte fez campanha pro Alckmin dizendo que tinha medo da vitória do Lula? Pois bem, sua colega de emissora, a jornalista Miriam Leitão, ainda não se livrou da paúra. É o que confessa na sua coluna de hoje, temerariamente intitulada “Medo da rotina”.

Escreve ela: “Tenho medo de o Brasil se acostumar”. “Tenho medo de o país já ter se perdido nos escândalos seqüenciais cheios de esquemas complexos”. “Tenho medo de que o Senado continue exibindo o descaramento da pressa explícita de inocentar seu presidente”. “Tenho medo de que o Brasil tenha passado do ponto de transformar escândalos em algo depurador”. “Tenho medo de que nunca se saiba, por súbita inapetência investigatória, em que mesa foi parar aquele envelope pardo com R$100.000, que entrou, pelas mãos da diretora da empreiteira nas cercanias de um gabinete ministerial”. “Tenho medo de que jamais se saiba também que dinheiro era aquele que estava nas mãos de amigos do presidente da República e de seus assessores de campanha num hotel de aeroporto em São Paulo”. “Tenho medo das reformas divorciadas dos diagnósticos”.
Que meda, Miriam! Faz como a Marta, que não tem medo nem de avião: relaxa e goza.

Nunca antes, na República

"O Brasil vive o seu melhor momento desde que a República foi proclamada". Disse o presidente Lula (PT), ontem, sobre o crescimento econômico do país.
Melhor do que hoje, só amanhã, desejo e temo: o melhor já passou...

segunda-feira, 18 de junho de 2007

Sibá acumula

O senador Cafeteira se recusou a deixar a relatoria, mesmo doente. Diz que amanhã consegue participar da reunião. Diante do impasse, o senador Sibá acumula, hoje, as funções de presidente e relator...

Agüenta, coração!

O senador Epitácio Cafeteira (PTB-MA) passou mal na madrugada de sábado (16) para domingo (17), desmaiou no banheiro de sua casa e, socorrido por uma ambulância do Senado, foi internado no Hospital Santa Luzia. Com o diagnóstico de uma leucocitose (aumento de glóbulos brancos no sangue, que pode ser provocado por uma infecção ou inflamação, entre outras causas), o senador já se encontra em casa e está de licença médica por dez dias. Cafeteira, portanto, está neste momento afastado da relatoria da representação do PSOL que pede que o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar investigue se o presidente do Senado, Renan Calheiros, feriu o decoro parlamentar.

O presidente da Comissão, Sibá Machado, passou a manhã de segunda procurando um substituto, sem encontrar.

Realmente, no que pode dar o não uso da camisinha...

sexta-feira, 15 de junho de 2007

Aniversário democrata

A senadora Kátia Abreu (DEM-TO) fez vazar que, na noite da última terça-feira, encontrou-se com o ex-presidente da Câmara, deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), quando discutiram a formação de um bloco PCdoB/Democratas. A conversa teria acontecido no apartamento do presidente nacional do Democratas, Rodrigo Maia, durante a comemoração do aniversário do deputado fluminense.

O boi ainda dá bode...

Estava tudo tranqüilo para o presidente do Senado, Renan Calheiros, na Comissão de Ética, que tem sessão hoje, até que ele foi informado que o Jornal Nacional faria uma reportagem com as denúncias:
Renan diz ter 1.700 cabeças de gado e declara ter lucrado R$ 1,9 milhão em quatro anos, mas os gerente das terras, Everaldo de Lima Silva, afirma que são 1.100 animais (Renan desqualificou seu gerente, ao desmentir a informação); duas, de três das empresas que teriam negociado com Renan, ficam numa mesma rua em Rio Novo, bairro da periferia de Maceió e foram multadas por extravio de notas fiscais; o dono da Carnal, Carne de Alagoas, nega ser autor dos três recibos no valor de R$ 127 mil apresentados pelo senador; a empresa GF da Silva Costa que teria comprado seu gado por de R$ 164 mil é desconhecida eteve seu CPF foi suspenso pela Receita, dentre outras irregularidades. Em resposta, assessoria do Renan disse que ele tem documentos para comprovar suas negociações.
No episódio ficou demonstrado, até o momento, que os senadores precisam mudar, ao menos, a forma como continuam fazendo política no país (já que o conteúdo, cá entre nós, só com uma revolução). E que, os profissionais da Rede Globo, quando podem, realizam em profundidade e com alta qualidade reportagens que aprofundam um tema.

Uma boa notícia

Tereza Cruvinel crava no seu Panorama Político:

“CIRO GOMES passou o dia de anteontem fazendo campanha contra o voto em lista fechada. Mas ao final, absteve-se. “Faço parte de um bloco. Meu partido, o PSB, era radicalmente contra. Um aliado importante, o PCdoB, era apaixonadamente a favor”, justificou. Entende-se. Ciro não é apenas um deputado do PSB. É o candidato a presidente do bloco.”
Boa, Tereza. Não deixa de ser compensador ver que também a fidelidade aos compromissos assumidos é notícia neste país de tanta desmoralização política

Observação pertinaz

A coluna de Clóvis Rossi, de hoje, tem lá sua visão de jornalismo acima dos interesses de classe, mas acerta ao registrar:
“Nada contra o espetáculo nem mesmo contra o jornalismo-espetáculo, que tem seu espaço. Mas o jornalismo de qualidade precisa se lembrar hora a hora, minuto a minuto, que há vida além dos Clodovils da vida.”

Momento Caras: relaxa e goza

O pedido de desculpas da ministra Marta Suplicy, do Turismo, por ter aconselhado “relaxar e gozar” às vítimas das esperas intermináveis nos aeroportos não foi aceito pelos comentaristas e donos de jornais. “As mulheres bem-amadas gostam de chegar cedo em casa”, comentou o cantor Wando, muito executado nos motéis. Até perorações psicanalíticas foram pautadas, como a de Alberto Goldin, para quem “houve uma banalização da situação, como se a ministra orientasse a população a adotar uma posição e uma saída masoquista, ou seja, sofram mas gozem”. Uma colega de profissão de Marta, a sexóloga Regina Navarro Lins, foi solidária: “A verdade é que, cada vez mais, falar de sexo tem se tornado uma coisa natural”.
No Senado, Jefferson Peres (PDT-AM) disse que Marta deveria se demitir: “O que ela fez é indesculpável, é impensável. E não foi frase impensada, não. É o desprezo pelos outros”. O oposicionista Heráclito (DEM-PI) bateu forte: "Não dá para entender este governo: o ministro Mares Guia passou quatro anos combatendo o turismo sexual; agora vem a ministra Marta Suplicy e parece querer estimulá-lo". E surgiram as “informações privilegiadas”. Num vôo de Brasília ao Rio, Marta e Lula teriam conversado o que segue
Marta: -Presidente, sem querer embaracei o governo...
Lula: -Marta, relaxa e goza!

Gozando da nossa cara

Como a melhor defesa é o ataque, é bom lembrar frases de nossas elites em outras oportunidades:
Fernando Henrique Cardoso (PSDB/SP) se referiu aos aposentados como "vagabundos".
Paulo Maluf (PP/SP) aconselhou aos bandidos: "estupra, mas não mata".
O general Figueiredo, quando ditador do país, reclamou do mutum (cheiro) de mães de santo baianas que foram saudá-lo numa de suas visitas a Salvador.

quinta-feira, 14 de junho de 2007

Momento Caras: Caetano vacilão

Caetano Veloso voltou a ser notícia. Finalmente admitiu que Luana Piovani foi sua musa inspiradora numa canção: “Luana não está de todo errada quando diz que a música foi para ela. Grande parte foi inspirada nela. Mas eu não gostei da atitude dela (de dar publicidade a isso). Ela tinha que ter me ligado e perguntado: ‘Caetano, posso falar?’”.
Antes o polêmico artista havia negado a versão da moça e a MTV o havia chamado de “vacilão”...

Ciúmes

O Informe DF, do Jornal do Brasil, continua hoje suas especulações sobre as relações entre o PCdoB e o governo Arruda, do DEM/DF:
Desconfiança
Se há na política brasiliense algo que irrita dirigentes petistas são as sondagens feitas ao ex-ministro Agnelo Queiroz, do PCdoB, para ocupar uma secretaria no governo de José Roberto Arruda. Os caciques do PT acreditam que tudo não passa de intriga feita com o objetivo de levar a desconfiança entre parceiros que nunca foram assim tão próximos e dividir as esquerdas. O que mais os preocupa é a simpatia com que o presidente Lula encara essa negociação. Acham que correm o risco de sobrar nessa história toda.

Navalha cega

O Correio Braziliense revela que os parlamentares solidários com o deputado Paulo Magalhães (DEM-BA), sobrinho do senador Antônio Carlos Magalhães (DEM-BA), não subscreveram o pedido da CPI da Operação Navalha. O sobrinho de ACM é acusado pela Polícia Federal de envolvimento com o esquema da empreiteira Gautama, do empresário Zuleido Veras. Mas daí o Correio parte pra acusação sem provas (seria a continuidade do mensalão?): “Os parlamentares do PMDB que estavam descontentes com o governo deixaram de assinar o requerimento em função da promessa de cargos, principalmente o grupo liderado pelo deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ)”.
Ora, se isso é verdade, aí está uma grande pauta de reportagem para o jornal e uma denúncia para a PF apurar. Mas esse tipo de jornalismo rastaqüera, em que a acusação é prova, vai ocupando sem conseqüências as páginas dos jornalões.

Momento Caras: a política da alcova

A ministra Marta Suplicy (Turismo) divulgou nota pedindo desculpas pelo "relaxe e goze" que aconselhou aos brasileiros que penam nos aeroportos. Além dessa frase inadequada para o momento (dita no lugar certo, ela é válida, claro), a ministra também disse à jornalista Renata Giraldi, da Folha Online, que o sofrimento dos passageiros é esquecido quando, depois da longa espera nos saguões, usufruírem dos prazeres da viagem: "É igual a parto, depois a gente nem lembra da dor..."
Esta última analogia, naturalmente, só serve para as mães. Quanto ao "relaze e goze", como diz uma amigo meu, dependendo da idade, se relaxar não goza...

Oposição ao governo, não ao Renan

Os aliados do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), deram ontem o passo decisivo para enterrar a denúncia contra ele no Conselho de Ética. O relator do processo, Epitácio Cafeteira (PTB-MA), pediu arquivamento do caso, o que deverá votado amanhã. “Eu não mudo uma vírgula do meu relatório. Estou há três dias sem comer, dormindo mal em busca de uma prova que justifique a abertura de inquérito e não encontrei”, disse ele. Os oposicionistas (ao governo federal, não ao Renan – interessante que os jornais não destacam isso!), mesmo dispostos a também encerrar o caso, fizeram alertas de que haveria desgaste do Senado. “Sem querer sangrar nosso presidente, essa não é nossa intenção, nós temos o direito de investigar”, reclamou o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), confessando: “Não queremos dizer que o senador Renan Calheiros seja culpado. Mas da forma como foi feito o processo, fica parecendo que ele tem algo a esconder.” O PSOL ameaça ir à Justiça: “Foi um teatro, não vamos aceitar”, avisa o líder do partido na Câmara, Chico Alencar (RJ).

JB x Chávez, mas a favor da Venezuela no Mercosul

Editorial do JB hoje contraria a oposição conservadora: “A lógica para embarreirar a entrada da Venezuela no Mercosul não pode se fundamentar em discussões sobre a cláusula democrática do Mercosul. No país de Chávez, tudo é legal e democrático, pelo menos teoricamente. A classe política brasileira prestaria um serviço mais relevante ao país se aproveitasse a oportunidade para barganhar condições que garantissem a viabilidade de todo o bloco, atendo-se à ameaça que a diplomacia dos petrodólares efetivamente traz a uma integração econômica capaz de distribuir os ganhos entre todos os participantes”.

Greve no Bom Dia Brasil

Para os jornalistas da Rede Globo, os trabalhadores usarem do seu direito de fazer greve é um absurdo e só atrapalha a vida dos outros. Envolvidos pela cultura do individualismo exacerbado do capital, só faltou dizerem que os metroviários de São Paulo são uns egoístas e folgados!!
Engraçado que quando pipocou a discussão sobre a lei do governo que proíbe certas categorias de servidores públicos deste mesmo direito, a emissora saiu em defesa deles...

quarta-feira, 13 de junho de 2007

PCdoB está fora ou está dentro?

Ao contrário do que Denise Rothenburg informou (e foi colocado neste blog) no Correio Braziliense de 1º de junho, não acabou o flerte entre o PCdoB e o governo Arruda, do Distrito Federal. Isto se for verdade o que diz o Informe DF, do Jornal do Brasil de hoje (é sempre bom relembrar que às vezes a única coisa verdadeira num jornal é a data de sua publicação – e nas revistas semanais, nem isso!):
PCdoB a bordo
O INGRESSO do ex-ministro Agnelo Queiroz no secretariado de José Roberto Arruda está em plena costura. Conta com uma referência nacional e é acompanhado pela cúpula do Democratas, o partido do governador. Seria o primeiro caso em que um integrante do PCdoB participa de um governo do antigo PFL. Também o presidente Luiz Inácio Lula da Silva -que se encontrou três vezes com Arruda em dez dias, uma no jogo da seleção brasileira em Londres e duas na segunda-feira -está acompanhando esse negociação. Não por acaso, o governador do Distrito Federal, ao falar na cerimônia de transferência da tocha Pan-Americana, fez calorosas referências ao trabalho do Ministério do Esporte e à gestão de Agnelo. As conversas entre integrantes do governo Arruda e Agnelo já se estendem há algum tempo. A Secretaria da Saúde tem sempre sido citada como pólo das negociações. Não é bem assim. A Saúde é uma das secretarias que apresenta maior repercussão social e que conta com maior volume de recursos. De quebra, o atual secretário, José Geraldo Maciel, está com força total, inclusive por ter transformado a pasta de problema em solução. Só sai do cargo se quiser e se for necessário em outra missão. Seria o caso, por exemplo, da presidência do Banco de Brasília, o BRB, mas há outras opções. Por outro lado, após ter sido ministro, Agnelo poderia encarar a Secretaria dos Esportes como um posto menor, ainda que receba peso estratégico no governo Arruda, já que cuidará das Vilas Olímpicas. De qualquer forma, Arruda gostaria mesmo de compor uma enorme frente política, bem a exemplo do que faz em Minas Gerais o governador tucano Aécio Neves, sempre citado por ele como modelo. Arruda já conseguiu montar um arco de alianças que se estende do PDT e PSB até parte do núcleo rorizista. Seus principais aliados não escondem que uma ampliação que incorporasse segmentos mais à esquerda seria bem vista por eles, de olho em 2010.

Pinga-pinga nos jornais

O Jornal Nacional de ontem praticamente fez um editorial com Lula defendendo o irmão Genival Inácio da Silva, o Vavá, que é, segundo o presidente, ingênuo mas não lobista. O chefe de governo pediu cuidado na divulgação das informações investigadas pela Polícia Federal. Desabafou: “Cabe ao delegado investigar e cabe a ele, então, mandar para o Ministério Público que vai dizer se vai indiciar ou não e fazer o processo. Não cabe ao delegado passar para a imprensa. O que eu tenho percebido, e por isso que disse que é um momento de reflexão profundo, é o seguinte: dependendo se houver briga política, as pessoas vão pingando pra um jornal uma coisa, pra outro jornal outra coisa e as pessoas, sem ter o direito de se defender, vão sendo execradas, condenadas aos olhos da opinião pública, sem poder provar se são inocentes”.

Cá entre nós, tem razão o presidente de origem popular.

Mídia, essa "besta selvagem"

Também o primeiro-ministro do Reino Unido, Tony Blair, afirmou ontem que os veículos de comunicação britânicos agem como "bestas selvagens". Em discurso na sede da agência de notícias Reuters, em Londres, disse: "Acho que a relação entre a vida pública e a imprensa está danificada de uma maneira que deve ser reparada. O dano prejudica a confiança do país e suas crenças, prejudica a avaliação sobre si mesmo, suas instituições, e, sobretudo, reduz nossa capacidade para tomar as decisões corretas".
Pleno de razão o aristocrático dirigente do Império Britânico

Primeiro é preciso julgar, pra depois condenar

O líder do PP na Câmara, Mário Negromonte (PP-BA), afirmou que "não se pode julgar ou condenar alguém apenas com bases em informações veiculadas na imprensa".
Também há razão, aqui. Imprensa não é tribunal e nem a opinião pública (aliás, não raras vezes reacionária e errada, em que pesem populistas de todos os partidos defendê-la) é júri. Como dizia o esquecido Marx, a ideologia de uma época é a da classe dominante.

Lista fechada

Denise Rothenburg informa, no Correio Braziliense: Os deputados do PSB planejam hoje anunciar o voto da bancada contra a lista fechada para eleição de deputados e vereadores. Acham que esse sistema, se adotado, impedirá o surgimento de novos líderes políticos. Do bloco de esquerda que reúne PSB, PDT e PCdoB, só os comunistas são defensores do voto em lista.

Senador patrão não respeita trabalhador

Bate-boca na Comissão de Assuntos Econômicos, ontem, entre Aloizio Mercadante (PT/SP) e Tasso Jereissati (PSDB/CE), por um motivo qualquer. O tucano reclamava que o petista se orientava em artigos do regimento do Senado e por um “rapazinho”, referindo-se a um assessor da Casa. Mercadante afirmou que o funcionário tinha "dez anos de Senado". Neste momento, um assessor (faz parte de seu serviço...) também entrega a Tasso o regimento. O tucano caçoou: “Olha só, também ganhei um livrinho igual ao de Vossa Excelência.” Em novo bate-boca, o empresário cearense ironizou: “Vai agora se transformar no defensor dos rapazinhos do Brasil?” Mercadante respondeu: “Tenho respeito por ele.”
Realmente, não é comum nas nossas casas grandes o respeito ao pessoal da senzala – seja qual for a cor do infeliz (“quase preto, quase branco”, cantaria Caetano) que vive do próprio trabalho...

Onde está a impunidade

Marco Antonio Villa, professor de história do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de São Carlos (SP), escreve com razão, na Folha de S. Paulo: “O nó górdio da impunidade -e que atinge o coração da democracia- não está no Executivo nem no Legislativo, mas no Poder Judiciário. Os dois primeiros Poderes, apesar dos defeitos que possuem, sofrem vigilância muito mais severa da imprensa, são mais transparentes e democráticos. Do Judiciário, pouco ou nada sabemos”.

Isso lá é verdade...

O Marcos Coimbra, da Vox Populi, escreve nos jornais de hoje que o que se vem publicando a respeito do affair conjugal envolvendo Renan e as mães de seus filhos, Verônica e Mônica “tem um claro atributo: está longíssimo da vida concreta das pessoas comuns. Não que uma aventura extraconjugal e suas conseqüências sejam coisas raras em nossa sociedade. Mas, daí para frente, tudo nele é quase estratosférico para o cidadão do povo, a começar pelo dinheiro envolvido. Uma pensão de R$ 10 mil? Aluguéis pagos à vista de R$ 43 mil? Pagamentos em espécie de R$ 100 mil?”
E isso sem falar da origem do dinheiro, seu Coimbra, sem falar da origem do dinheiro, que ninguém sabe, ninguém viu, tal qual a Conceição.

Albânia dá sinal de vida!

Informa a Associated Press que o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, teve seu relógio esportivo com pulseira preta e fundo branco surrupiado (ou seria melhor dizer “expropriado”?) quando cumprimentava populares numa praça em Fushe Kruje, na outrora baluarte comunista Albânia. Foi a primeira visita de um presidente dos EUA ao pequeno país dos Bálcãs.
Mas o mais provável, do jeito que as coisas andam por lá, é que Bush tenha sido mesmo furtado, e não expropriado... De qualquer forma: hehehehehehe

terça-feira, 12 de junho de 2007

Crise de decência

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso reclamou que está faltando crença no Brasil. “Ou recuperamos a decência ou não há o que fazer. O povo sente que essas coisas estão acontecendo. Vivemos essa moleza, essa manemolência, que é uma característica nossa, mas chegou a um ponto que é inaceitável”, afirmou.
O príncipe dos sociólogos esqueceu de dizer, contudo, quando as classes dominantes brasileiras foram “decentes” para que possamos recuperar esse período. Decerto, não foi no seu governo privatista e silenciador da Procuradoria Geral da União e inviabilizador de CPIs.

É melhor pagar o preço da democracia

A ONG Transparência Brasil revela que a manutenção das três esferas do Poder Legislativo - federal, estadual e municipal - custa, em média, R$ 117,42 por habitante nas capitais. Considerando o Produto Interno Bruto (PIB) per capita de cada uma das capitais, o gasto total por habitante com o Poder Legislativo representa 4,1% da renda de cada morador de Boa Vista (RO) - R$ 224,82 dos R$ 5.532,30 aferidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2004.
O menor gasto em relação ao PIB per capita é o de Vitória (ES), onde os moradores gastam 0,4% de sua renda para sustentar as três esferas do Legislativo - R$ 121,05 de R$ 29.951,28. A capital capixaba possui o maior PIB per capita entre as capitais analisadas, seguida por Manaus (AM), onde os habitantes gastam 0,5% do PIB per capita com o Legislativo - R$ 96,05 de R$ 18.635,36 -, e São Paulo (SP), onde os gastos também chegam a 0,5% da renda - R$ 68,51 de R$ 14.820,90.
Segundo o levantamento, para um orçamento anual de R$ 2,7 bilhões, cada um dos 81 senadores conta com R$ 33,4 milhões. Já na Câmara, os recursos são de R$ 6,6 milhões para cada um dos 513 deputados federais. Os deputados federais custam R$ 18,14 por brasileiro e os senadores R$ 14,48, levando-se em conta uma população de pouco mais de 186 milhões de habitantes.“A distorção no Senado é imensa, numa Casa que deveria até desaparecer”, argumentou o diretor-executivo da Transparência Brasil, Cláudio Weber Abramo. Aliás, na última Constituinte os parlamentares do PCdoB propuseram a extinção do Senado. De qualquer forma, é melhor pagar pela democracia do que viver sem ela.

Páginas da vida...

Os jornais informam que, na reunião de coordenação política, ontem, no Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que seu irmão Vavá, investigado por trafico de influência pela Polícia Federal, tem "bom coração" e uma espécie de "paizão", mas alguém "limitado", sem condições de fazer lobby. Vavá seria limitado para concluir qualquer tipo de negociação, além de sua incapacidade de ter acesso ao poder. Seria mais um aloprado da vida...

Por falar em Araguaia...

Hoje também se completam 40 anos da primeira cirurgia que o médico da Guerrilha do Araguaia João Haas Sobrinho realizou na cidade de Porto Franco, no Maranhão, onde montou um pequeno hospital. Militante do Partido Comunista do Brasil, o doutor havia chegado havia pouco tempo da China, onde recebeu treinamento militar.

A cirurgia foi realizada no pé de um morador que estava com um espinho de tucum atingindo o nervo. Hoje, o hospital que fundou leva seu nome.

Haas Sobrinho foi morto em combate em 30 de setembro de 1972, em Piçarra, próximo a Xambioá. Seu corpo crivado de balas foi exposto à população de Porto Franco e de Xambioá. Contam as testemunhas locais que sua perna direita estava quebrada e a barriga cortada e costurada com cipó. O objetivo era aterrorizar a comunidade que se solidarizava com os guerrilheiros. A população passou o dia velando o corpo, apesar de ser proibido pelo exército. Segundo informações dos moradores de Xambioá, foi enterrado no cemitério da cidade.

Em 1991, foram encontradas duas ossadas no cemitério. Uma delas foi identificada em 1996 como sendo de Maria Lúcia Petit da Silva. A outra, resgatada de lá, não foi identificada e não se sabe de seu paradeiro.

Há suplentes e suplentes...

Interessante o artigo de Raymundo Costa sobre os suplentes que assumiram mandato no Senado. “Atualmente, 13,5% dos senadores exercem o mandato sem um único voto. São 11 - em 81 - suplentes de senador que assumiram o cargo devido ao afastamento do titular”, informa e condena. Cita vários desses parlamentares, dos quais, pelo tom do artigo, ele não gosta. Mostra simpatia pela proposta de que o suplente seja eleito: assume, em caso de impedimento do titular, o segundo mais votado, independentemente do partido. “A indicação dos suplentes da chapa é de livre escolha do candidato ao Senado. É natural a indicação de familiares e do financiador da campanha”. Diz ele.
Não é bem assim. Há casos em que o suplente é indicado pela coligação que integra a chapa, como o caso de Wagner Gomes, do PCdoB paulista, por exemplo, suplente do senador petista Mercadante, que participou ativamente da campanha, nos comícios e nas inserções de rádio e TV. Mas há casos como os que Raymundo cita, embora ele não tenha se referido Antônio Carlos Magalhães Filho, que substituiu o pai quando ACM se afastou da função para não perder o mandato em meio a evidências de corrupção...

Chávez assanha a direita

Em editorial, o Correio Braziliense diz que o DEM e o PSDB ameaçam impedir a adesão plena da Venezuela ao Mercosul, alegando que esse país não é democrático. E saúda: “acerta a oposição ao insistir nesse debate”.
Argumento semelhante deixou Cuba fora da Organização dos Estados da América (OEA) – aliás, o único país que não integrava esse conchavo (e não integra, até hoje), mesmo quando vários países viviam sob o terror ditatorial – com o apoio de vários parlamentares que hoje integram (e alguns comandam) o DEM e a conivência de vários órgãos de imprensa hoje "democráticos".

Xô, Passarinho!

O eterno golpista e ex-ministro, governador e senador da ditadura militar, general Jarbas Passarinho, continua com as garras afiadas contra democratas e comunistas. Na sua coluna deste 12 de junho defende os “métodos da contra-insurreição”, como chama o terror ditatorial do qual foi um dos autores, e ataca os revolucionários.
Em reportagem no JB, Vasconcelos Quadros diz que esse mesmo Passarinho “revela detalhes que reforçam a suspeita de que ainda estão vivos alguns guerrilheiros do Araguaia que hoje - 32 anos depois do fim do conflito - freqüentam todas as listas de desaparecidos políticos”.
Vasconcelos cita a jornalista e pesquisadora Myrian Alves, para quem as dúvidas sobre a existência ou não de sobreviventes são reforçadas pela falta de informações sobre o destino de guerrilheiros que foram vistos vivos pela população e sobre os quais não há, nos relatórios da esquerda ou em documentos militares pesquisados, qualquer tipo de informação sobre o destino que tiveram. “De fato, suspeita-se que alguns possam estar vivos”, diz ela.

Dia de combate ao trabalho infantil

Hoje, dia 12 de junho, além de Dia dos Namorados - tão lembrado por comerciantes interessados em lucrar com os corações apaixonados - é o Dia de Combate ao Trabalho Infantil. O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) vai começar a veicular uma campanha para ajudar a identificar a situação de trabalho infantil e denunciá-las. Segundo o IBGE, são mais de 3 milhões de jovens menores de 16 anos que trabalham. A maioria, meninas.

Versão da Folha e do Discovery

No domingo passado (10) o Discovery Channel passou um documentário sobre o acidente da Gol e do jato Legacy. Tá todo mundo ainda investigando o caso e recentemente sairam os indiciamentos. Mas o canal se adiantou. Chamou a atenção que entre os comentaristas todos, entre controladores e representantes da Infraero, o depoimento que intercalava os outros dando a linha do argumento era o da jornalista Eliane Cantanhêde, colunista da Folha de S. Paulo. A opinião emitida reafirmou a necessidade da "desmilitarização" caminhando para a privatização do setor. São muitos interesses em jogo...

quarta-feira, 6 de junho de 2007

Últimos românticos...

A Federação do Comércio de São Paulo divulga que 72% dos homens pretendem presentear as namoradas no Dia dos Namorados e apenas 54% da mulheres pretendem dar um regalo ao homem com quem trocam carinhos.
Parece que, mais do que dar presentes, os marmanjos precisam tratar melhor suas amadas para fazer por merecer um mimo.

Quem atirou a primeira pedra?

Carlos Chagas, mesmo anti-chavista, registra na sua coluna de 6/6:
Jacobinismos à parte
Caso se torne possível fazer arrefecer a onda nacionalista que exige mais satisfações de Hugo Chávez por ter injuriado o Congresso brasileiro, logo ficará claro o festival de lambanças criado de parte a parte, nos últimos dias. Para começo de conversa, o Senado não tinha nada que enviar nota de protesto ao presidente da Venezuela, por ter tirado do ar uma emissora de televisão. Em nome da liberdade de expressão, ainda se admitiriam discursos candentes de senadores contra a iniciativa de Chávez. Mesmo assim, extemporâneos, porque quem cuida da política externa, pela Constituição, é o Poder Executivo.

Mesmo se descontando a recaída do senador José Sarney, por alguns instantes julgando-se ainda presidente e empenhado em estabelecer uma guerra particular com o presidente venezuelano, a verdade é que o Senado agrediu o histriônico "hermano" de nossa fronteira Norte. Sem dúvida ele reagiu de forma extemporânea, virulenta e atabalhoada, comparando o nosso Congresso a papagaio do Congresso dos Estados Unidos, coisa que ninguém entendeu direito.

Mas que demos o primeiro tiro na água, isso demos. Bem que o presidente Lula tentou botar panos quentes, mas não poderia ficar calado diante da agressão ao Legislativo que o apóia. Tudo indica que a poeira acabará assentando, a menos que Sarney não desencarne e que o singular Marco Aurélio Garcia, este, sim, do Executivo, continue manifestando simpatia pelo fechamento da maior rede de televisão da Venezuela. Algum exemplo a ser seguido por aqui?

terça-feira, 5 de junho de 2007

Jabor, o privatista

O comentarista da Globo, oposicionista visceral ao governo Lula, na sua coluna de hoje clama: “Está na hora de gestos novos, inéditos, rupturas, saltos qualitativos dentro da democracia”. E o que propõe o ex-cineasta?
“Lula tem de privatizar as estatais corruptas”...Isso é novo e inédito, Jabor? Cá entre nós, novo e inédito é sanar as estatais, livrá-las dos corruptos e garantir-lhes eficiência, colocando-as a serviço do efetivo desenvolvimento do país e da melhoria das condições de vida da população. Privatizar estatal é coisa velha, feita por Collor, por FHC e outros que seguem a mesma cartilha.

Momento Caras: Folha erra o pai da criança!

Na sessão ERRAMOS, da Folha: BRASIL (4.JUN, PÁG. A6) Por erro da Redação, o texto "Lobista recupera-se de cirurgia em BH e não faz declarações" informou que o lobista Cláudio Gontijo tem uma filha com a jornalista Mônica Veloso. Quem tem uma filha com ela é o senador Renan Calheiros.

Tomando o partido de Chávez

Sebastião Nery registra na sua coluna de 5 de junho:
Senado
E o Senado? Que autoridade tem o Senado para meter-se na Venezuela? Por que não protestou quando essa mesma RCTV, golpista, venalizada,, financiada pelas empresas petroliferas norte- americanas, "documentadamente comprometida com o golpe de estado", deu notícias continuadas de que o presidente Chávez havia "renunciado e deixado o governo", exatamente na hora em que ele estava sendo seqüestrado em casa por um golpe comandado de fora pela CIA e pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos?

Se o Senado é "guardião da democracia" no pais dos outros, por que não protestou quando Bush invadiu e já massacrou 50 mil iraqueanos?

Agora ficam ouriçados e irritados quando Chávez os chama de "papagaios americanos".Deviam aprender com meu papagaio romano e mudar:"Câmbio"!

TV
E a nossa gloriosa "grande mídia", sobretudo a televisão? Cada dia mais repugnante. O brasileiro vai dormir toda noite achando que está em Caracas. As TVs só falam da Venezuela, mostrando as passeatas contra Chávez. Quando há passeatas a favor de Chávez ("dezenas de milhares em Caracas", segundo a "Folha"), não mostram, escondem,como fizeram no fim de semana.
Esse filme é velho. Em 73, a "grande imprensa" brasileira, como sempre financiada pelos Estados Unidos, passou meses descaradamente pregando o golpe contra Allende. Veio o Pinochet e continuaram faturando.

Chávez: "inimigo do mundo"

No programa Bom Dia Brasil desta manhã, o âncora Renato Machado, o mesmo dos vinhos, disse: "Na Venezuela, os protestos não param. O presidente Hugo Chávez insiste em enfrentar o mundo".

Agora pintam o presidente Chávez como inimigo do mundo. Isso que dá enfrentar o capital. Mais do que uma batalha do império norte-americano contra o líder bolivariano que tanto o confronta, a luta é também ideológica.

Chávez pode ser inimigo de Bush e do grande capital. Mas é amigo, e muy amigo, do seu povo, tendo investido seu petro-dólar nas chamadas missões sociais voltadas principalmente à educação, básica e superior, e à saúde da gigantesca camada da população que estava marginalizada havia muitos anos.

sexta-feira, 1 de junho de 2007

Nem toda feminina é feminista

Bárbara Gancia não se conteve nas saias e, ao comentar o imbróglio político-conjugal-extra-conjugal de Renan atirou ... na Ideli Salvatti. A jornalista diz que ficou com o estômago virado porque a senadora petista defendeu o presidente da Casa. Reclama que Renan não “demonstrou afeto pela filha que teve fora do casamento” além de não ter pedido “perdão à Mônica Veloso” e, pasmem!, reclamou que não foi divulgado o nome da menina (será que ela não conhece o Estatuto do Menor e do Adolescente?)! Aliás, ela realmente parece ser desinformada, pois registra: “O deputado Antonio Carlos Magalhães fez piada nesta semana, dizendo que não poderia falar nada sobre Mônica Veloso, porque ela já foi sua parente, uma alusão ao suposto caso que a jornalista teve com seu filho, Luís Eduardo, morto em 1998”. ACM não é deputado, é senador. Deputado é o ACM Neto (como o próprio nome indica, filho de um filho do senador, Gancia). Aliás, o relacionamento da Mônica com o Luiz Eduardo nunca foi negado por nenhum dos dois e foi alardeado pelo próprio ACM. Por que “suposto caso”? Fala sério...

Mais um fardo para as mulheres?

Luiz Garcia, no O Globo, aproveitou o affair Renan para bater na bancada feminina. O fato do presidente do Senado ter-se referido à mãe de sua filha caçula como “a gestante”, quando a moça estava grávida, soou mal para o colunista. “Parecia falar de uma pobre coitada que decidira ajudar pela bondade de seu coração. Talvez tenha sido uma concessão à presença estóica da sra. Calheiros no Senado”. E tascou: “A bancada feminina do Congresso ficou devendo uma cobrança de mais respeito dos poderosos quando tiverem de falar em público sobre ex-namoradas. E também, naturalmente, das poderosas em relação a ex-namorados”.
Os critérios do jornalista são, evidentemente, subjetivos. E é claro que respeito é bom e todos gostamos. Mas não cabe só à bancada feminina cobrar, não é mesmo Luiz Garcia?

Momento Caras 1 – No Spa e parentesco

Anna Ramalho escreve a coluna Coisas do Rio, no JB, mas deu uma espiada em outras plagas para fazer este registro:
Baixa caloria
Verônica Calheiros fazia um spa, no Sul, quando a Veja foi para as bancas, revelando o sórdido enredo e os pinotes do maridão na alcova alheia.
Foi sutilmente convidada a voltar imediatamente ao cerrado.
Largou as rodelas de rabanete no prato pra descascar o pepino indigesto.
Parentesco
O ex-senador Ney Suassuna conhece bem Mônica Veloso, a outra da República.Durante algum tempo, ano passado, foi namorado de uma irmã dela, Márcia Freitas.

Momento Caras 2: saia justa no avião

Informa o Correio Braziliense que o deputado federal Clodovil Hernandes (PTC-SP) protagonizou confusão dentro de um avião. O estilista disputou um assento com outro passageiro no vôo 1847 da Gol, que ia de Brasília a Guarulhos (SP). Clodovil argumentou que solicitara o assento ao fazer o check-in, no balcão da companhia, e se recusou a levantar-se alegando ainda que é idoso — completa 70 anos no próximo dia 17 — e deputado federal. De acordo com a Polícia Federal, a agressividade de Clodô revoltou outros passageiros que, em coro, passaram a ofendê-lo aos gritos. O estilista se queixou à Polícia Federal dos xingamentos.

Absolvição antecipada

Os jornais estampam, hoje, as declarações dos pares de Renan Calhaeiros no Senado:
“Em relação a esse episódio, o caso está encerrado. O presidente apresentou documentos. O advogado da jornalista também tem de apresentar provas”. Heráclito Fortes (DEM-PI). (Espera aí, mas se o advogado da jornalista ainda não apresentou provas, por que "o caso está encerrado"?)
“Eu não quero condená-lo, quero absolvê-lo. Mas quero ter certeza de que ele não vai ser pego na primeira esquina. Ele não precisava pedir recibo, o importante é provar que tinha recursos para os pagamentos”. Romeu Tuma (DEM/SP), corregedor da Casa. (Ops! A suspeita não era de que ele não tinha recursos, mas que estava usando recursos da empreiteira para o pagamento...)
"Se Tuma está dando essas declarações é porque deve ter elementos”. Sibá Machado (PT-AC), presidente da Comissão de Ética. (Uhm... é melhor deixar sem comentários)
“O senador Renan Calheiros apresentou todas as informações, de minha parte estou convencido” Romero Jucá (PMDB-RR), líder do governo. (Quem bom)
Por fim: “Quase 100% dos senadores estão convencidos dos meus argumentos”. O próprio Renan Calheiros (PMDB/AL), presidente do Congresso. (Realmente, pelas minhas contas, só o Jefferson Peres - PDT/AM -, o Pedro Simon - PMDB/RS e o José Nery -PSOL/PA- ainda não foram convencidos).

Relações perigosas?

Esta nota é de Denise Rothenburg, no Correio Braziliense:
Acabou o flerte Antes que novas sondagens ou convites surjam, o PCdoB decidiu bater o martelo: não quer saber de seus filiados no governo de José Roberto Arruda. Nada contra o governador, mas quem quer concorrer ao Governo do Distrito Federal não pode ter um possível adversário como chefe. E o partido tem planos de lançar a candidatura do ex-ministro Agnelo Queiroz.

Crônica de uma operação secreta anunciada

Depois da Folha ter informado ontem, conforme a nota “Não diga que não avisei”, neste blog, hoje foi a vez de César Giobbi, no Estadão:
"Sinal vermelho
Ouve-se em Brasília que a próxima operação da Polícia Federal vai se chamar Rubi. Também baseada em grampos, pretende esmiuçar relações nada convencionais entre o Judiciário e os bancos. É que, dos milhões de ações trabalhistas que vão parar na Justiça, as que envolvem bancos são arrastadas por 20, 30 anos. Esquisito, não?"

Esquisito digo eu. Nem o agente "secreto" Bond, James Bond, foi tão público. Este Rubi é um falso brilhante...

quinta-feira, 31 de maio de 2007

Não diga que não avisei!

Painel da Folha alerta os interessados:
Vem aí. Deve estourar em breve nova operação, previamente batizada de Rubi, para investigar fraudes em ações trabalhistas. Alcançará juízes, advogados e funcionários do Ministério do Trabalho.

Momento Caras 2 – Política na alcova

A chamada “vida privada” continua como fonte de comentários políticos. Hoje foi a vez de Ancelmo Góis, no O Globo, registrar:
O alívio do ex
Um ministro de Lula, nordestino cabra-macho, não esconde o alívio, oxente, com este episódio entre Renan Calheiros e a jornalista Mônica Veloso. É que também namorou Mônica. Mas, em papos reservados, esclarece que o chamego (com todo o respeito) ocorreu quando era solteiro. Ah, bom!
E Joaquim Ferreira dos Santos, no “Panorama político” do mesmo O Globo, dá esta importante informação “política”:A "Playboy" fará ainda esta semana uma proposta à jornalista Mônica Veloso, ex-namorada do presidente do Senado, Renan Calheiros. A negociação, caso seja levada para frente, será intermediada por Pedro Calmon Filho, advogado de Mônica.

Momento Caras 1 – Pêgo na mentira

Quem quiser que acredite que o senador Renan Calheiros destinou um fundo de R$ 100 mil para sua filha caçula. Quem quiser, duvide. Mas o advogado da mãe da criança, Pedro Calmon Mendes, havia dado entrevista ao Jornal Nacional dizendo que esse fundo não existia. Porém o senador mostrou dois recibos, de 24 de maio de 2006 e de 27 de junho de 2006, assinados por Mônica e pelo advogado Pedro Calmon Mendes, no valor de R$50 mil cada, que serviriam, conforme o texto: "para prover futuras e eventuais despesas da aludida menor com sua educação". Depois de flagrado, o advogado se recusou a dar nova entrevista ao jornal global.

Almas mortas

Foi amplamente noticiado: Seis quilômetros de varal com 15 mil lenços estendidos ontem no gramado em frente ao Congresso Nacional. Para cada pedaço de pano branco, uma pessoa assassinada nos primeiros quatro meses do ano no Brasil. O protesto da organização Rio de Paz visa “conscientizar a sociedade e cobrar do poder público uma providência”, afirmou Renato Vargens, coordenador do protesto. O músico Tico Santa Cruz, da banda Detonautas Roque Clube, que teve um colega de banda assassinado, externou: “Um protesto em Brasília é importante porque estamos diante de quem deveria resolver o problema: os políticos”.
Valeu o protesto. É urgente que medidas eficazes sejam adotadas. Mas discordo do Tico, num aspecto: não cabe aos políticos resolver o problema. Cabe à população, consciente e organizada que, se necessário, deve inclusive mandar às favas os políticos que alimentam um modelo de sociedade excludente e violento.

quarta-feira, 30 de maio de 2007

Abert e governo = tudo a ver

A relação entre o Ministério de Telecomunicações e a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) é tão íntima que os atores até se confundem na hora de se pronunciarem publicamente.

Sobre o problema que houve ontem em Congonhas, que teve as decolagens interrompidas por seis minutos por interferências de sinal de rádios livres - chamadas pelo setor e pela grande mídia de "rádios piratas" - Hélio Costa disse hoje que vai pedir mais rigor na fiscalização das rádios que operam sem licença e até a criminalização dos operadores.

Já Daniel Pimentel, presidente da Abert e filho de Paulo Pimentel, do Grupo homônimo (GPP) afiliada ao SBT no Paraná, disse que “são episódios como estes que fazem o governo ver de perto os perigos das rádios piratas”.

Opa! Quem deveria falar sobre o que o governo vê é o ministro, não?

As declarações foram dadas no 24º Congresso Brasileiro de Radiodifusão da Abert que acontece em Brasília.

Vai sair a sede da UNE

Os presidentes da União Nacional dos Estudantes (UNE) Gustavo Petta e da União Brasileira de Estudantes Secundaristas (UBES) Tiago Franco almoçaram hoje com o presidente Lula e conversaram sobre a construção da sede nacional da entidade no Rio. O local onde funcionava um estacionamento ilegal foi retomado juridicamente no começo deste ano. O projeto é assinado pelo arquiteto comunista Oscar Niemeyer. Com apoio do governo federal, a obra deve começar em breve. Importante vitória do movimento estudantil!

Outro assunto tratado no encontro foi a lei da meia entrada.

Alerta geral! Perigo! Perigo!

A Receita Federal quer aumentar o imposto pago na cachaça. Foi o que disse o secretário da Receita Federal, Jorge Rachid, antes de sessão do Senado que votou projeto que visava assegurar imposto zero para a aguardente. A proposta da cachaça sem imposto, do senador Efraim Morais (DEM-PB), foi derrotada por 12 votos contra apenas quatro favoráveis. Faço coro com o Chico Buarque: "E a gente vai tomando, que também sem a cachaça, ninguém segura esse rojão"...

Momento Caras: Mônica sonega o IR?

Os jornais destacam, hoje, que o presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), reconheceu que não poderá comprovar com registros contábeis que entregou, em dinheiro vivo, R$ 8 mil mensais à jornalista Mônica Veloso, com quem tem uma filha de quase três anos, a título de pensão alimentícia informal. "Não tem como provar (os pagamentos) porque não era uma relação oficial. A partir do momento em que assumi a paternidade, tenho todos os comprovantes”, disse Renan. Na segunda-feira, Renan entregou cópias de seus contracheques e cópias de partes da sua declaração de Imposto de Renda para demonstrar que passou a pagar uma pensão alimentícia oficial de R$ 3 mil quando reconheceu a paternidade em 21 de dezembro de 2005.
Estranhamente, até o momento, ninguém da imprensa ou fora dela solicitou à mãe da criança que mostre, na sua declaração de renda, o quanto recebeu. Será que houve sonegação?

A mãe e o filho da mãe

Alan e Alex Teixeira da Cunha são gêmeos univitelinos. Mas a Universidade de Brasília (UnB) aceitou apenas Alan no seu sistema de cotas para negros. Alex foi considerado branco. A decisão da cor de cada um foi feita por uma banca, a partir de fotos. O pai dos gêmeos é negro; a mãe é branca. Pelo jeito, para a UnB Alan é filho do pai e Alex, filho da mãe...

Rádios piratas

Ontem em Brasília alguns poucos participantes do Seminário sobre Rádio Digital, promovido pela renomada Comissão de Altos Estudos da Câmara dos Deputados e a Rádio Câmara, ouviram o representante do setor da radiodifusão paulista repetir aquela idéia reacionária das classes dominantes de que as rádios comunitárias são rádios piratas e atrapalham a vida de todo mundo que poderia estar recebendo o tão desejado sinal dessas rádios privadas.

Ele chegou a dizer que "nós só queremos mais audiência. Isso é crime?" E ainda fez cara de coitado!

Coitados de nós e de toda a sociedade civil que está passando longe desse debate.

Folha queria "explicação cabal"

A Folha afirmou em seu editorial de hoje que se frustrou com o senador Renan Calheiros (PMDB-AL): "o presidente do Senado Federal não correspondeu, infelizmente, às expectativas". Curioso como o jornal se posiciona em primeira pessoa. À expectativa de quem cara pálida?

"Ficou aquém do que se deve exigir de qualquer representante popular numa República, ainda mais de quem exerce função tão nobre no Poder Legislativo. Frustrou-se anteontem, mais uma vez, o anseio da opinião pública".

O anseio da opinião pública é que essa campanha de desestabilização do país passe logo! E não ficar sendo bombardeada por informações da vida íntima dos outros com julgamentos morais e hipócritas!

Parece aqueles jornais que exploram imagens de crimes, como cadáveres revirados, corpos queimados e órgãos arrancados - o famoso "espreme que sai sangue" - para vender mais.

terça-feira, 29 de maio de 2007

Salve Maria, Sarney...

No plenário, ontem, o senador José Sarney (PMDB-AP) protestou contra o fechamento da emissora venezuelana Rádio Caracas de Televisão (RCTV), que no domingo (27) teve seu sinal cancelado por decisão do presidente Hugo Chávez, que não permitiu a renovação da concessão pública. Sarney disse que democracia só existe com "imprensa livre e sem restrições".
Para refrescar a memória, quando presidente da República, cedendo bravamente às pressões da Igreja Católica, José Sarney proibiu a exibição no Brasil do filme Je vou salue, Marie (Salve, Maria), de Jean Luc Godard.
No seu pronunciamento, Sarney aproveitou para registrar que nesta terça-feira (29) será realizada missa pela passagem de 30 dias do falecimento do empresário Otávio Frias de Oliveira, principal acionista do Grupo Folha, que colocou sua imprensa à serviço da ditadura militar (à qual Sarney também prestou serviços preciosos).

E por falar em Renan, pau no Enver Hoxha...

O jornalista Augusto Nunes aproveitou o episódio envolvendo Renan Calheiros para fustigar o PCdoB e o finado dirigente albanês Enver Hoxha:
“Em 7 de abril de 2005, esta coluna publicou a biografia resumida do alagoano Renan Calheiros, presidente do Senado. A condensação do texto vale replay:
Mal saído da adolescência, Renan Calheiros filiou-se ao Partido Comunista do Brasil, o PCdoB velho de guerra, que então se orientava pelo farol instalado na Albânia do companheiro Enver Hoxha. Renan demorou algum tempo até descobrir o que sabiam desde sempre até as cabras montanhesas do país: o livrinho de pensamentos do ditador era tão raso que uma formiga poderia atravessá-lo com água pelas canelas.
Encerrado o longo estágio no PCdoB, assimilara duas lições. Primeira: quem apóia um Enver Hoxha consegue apoiar qualquer um. Segunda: ficar contra o governo é fechar os atalhos e trilhas que conduzem a nomeações de amigos, liberação de verbas e barganhas fisiológicas sem as quais políticos brasileiros raramente vão longe. Algumas aulas práticas fizeram o resto do trabalho.”
Maldade pura. Apoiar Enver Hoxha não era apoiar qualquer um e nem dava camisa pra ninguém. Pelo contrário, significava defender pontos de vista bastante isolados no cenário internacional e na esquerda, em particular. Não era coisa para oportunistas de plantão. Nunes deve desculpas aos que, com sinceridade de intenções e convicções revolucionárias, defendiam a Albânia como “farol do socialismo para o mundo” nos sangrentos tempos da ditadura militar brasileira.
Em tempo: quem tinha “livrinho de pensamentos” era o Mao Zedong (com quem Enver Hoxha rompeu), parodiado no Brasil pelo Millôr Fernandes. Atualize suas (des)informações, Nunes...

Dois dedos de prosa

Denise Rothenburg, do Correio Braziliense, atenta, registrou:
O ex-presidente da Câmara Aldo Rebelo (PCdoB-SP) trocou dois dedos de prosa com o senador Fernando Collor (PTB-AL) enquanto aguardava a fila de cumprimentos a Renan. Aldo é alagoano assim como Collor.

Momento Caras, a política da alcova

Diálogo do deputado federal Clodovil (PTC/SP) com o senador Arthur Virgílio (PSDB/AM) na JBTV:
"É verdade que o sr. é um vulcão sexual?"
"Sou, e minha mulher também".

AINDA inocente...

Renan AINDA não é alvo de investigação na Operação Navalha, diz o Jornal do Brasil. E parece ser essa a sensação dos principais comentaristas políticos dos meios de comunicação. Carlos Chagas escreve, em tom ameaçador: “O grave pode ser o desdobramento da crise, caso insistam em levar adiante a elucidação das acusações. Porque diante de um hipotético afastamento da presidência do Senado, Renan vira bicho. Exigirá ampliar a devassa ao infinito, envolvendo todas as empreiteiras e quase todos os senadores”. Jânio de Freitas não ficou satisfeito: “Não lhe bastaria, portanto, restringir-se à continuada reiteração de que os gastos com sua ‘vida mais íntima’ foram ‘com recursos próprios’. O que importa, para o interesse público, é o esclarecimento sobre a procedência e o acúmulo desses recursos próprios. E esse esclarecimento Renan Calheiros evitou com o discurso, de intenção obviamente sensibilizante, da vítima atingida por uma violação do princípio constitucional de proteção à intimidade e à honra pessoal”.
E Clóvis Rossi gostaria que Renan se mirasse no exemplo do suicida japonês: “Toshikatsu Matsuoka, ministro da Agricultura do Japão, enforcou-se ontem em sua casa depois de ser acusado de envolvimento em concorrências suspeitas e de ver contestada a declaração de gastos de seu escritório. Ele negou qualquer irregularidade. As acusações ainda não foram comprovadas. ... Renan Calheiros, presidente do Senado, é igualmente acusado de beneficiário de pagamentos suspeitos à mulher com a qual teve um filho, pagamentos feitos por funcionário de uma empreiteira, que teria praticado atos similares aos de que foi acusado Matsuoka. As acusações contra Renan Calheiros não foram ainda comprovadas, como no caso Matsuoka. O senador brasileiro não se enforcou nem renunciou nem se licenciou para se defender. Ao contrário, preferiu falar de sua cátedra”.

A vida privada na privada

Os jornais consideraram que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB/AL), não comprovou a origem dos recursos que teria desembolsado antes do reconhecimento da paternidade da criança, em dezembro de 2005, não fez menção à denúncia de que Gontijo lhe colocava à disposição um flat em hotel de luxo de Brasília para encontros que exigiam discrição, também não mencionou o nome de Zuleido Veras, acusado de coordenar o esquema de fraude em licitação pública, além de não ter citado o nome a mãe de sua filha caçula, fonte das denúncias publicadas pela Veja.
Mônica Veloso, que antes de ter filha com Renan teve um affair com o ex-presidente da Câmara Federal, Luiz Eduardo Magalhães (filho do ACM), acionou seu advogado, Pedro Calmon Filho, para contestar o pai da criança. Dentre outras coisas, informou que já gastou os R$ 100 mil que o pai diz ser para os futuros estudos da menina – que, aliás, na mais tenra idade corre o risco de levar uma bala perdida nesse tiroteio degradante. É a política a partir da alcova.

Somos todos corruptos?

Abordando as denúncias de corrupção recentes, o diretor executivo da Transparência Brasil, Cláudio Weber Abramo, deplorou a puerilidade dos que imaginam que os problemas denunciados “desapareceriam caso as pessoas fossem outras”. Considera que outras pessoas provavelmente agiriam “exatamente da mesma forma”, pois “o que propicia a captura do Estado são disfuncionalidades concretas, e não peculiaridades individuais. Os defeitos estão na Constituição, nas leis ordinárias, nos Códigos Civil e Penal, nas práticas administrativas dos Três Poderes”. Em outras palavras, somos todos corruptos, na sua transparente opinião.
Não me senti contemplado nessa avaliação. Não sou e conheço pessoas que não são corruptas. Para usar seus termos, achei uma análise pueril. O velho Marx não considerava a corrupção inerente à humanidade, mas decorrente de uma sociedade dividida em classes antagônicas, umas exploradoras, outras exploradas.

segunda-feira, 28 de maio de 2007

Renan Calheiros: a defesa ataca

No seu pronunciamento em resposta às acusações da revista Veja, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB/AL) recorreu ao ex-deputado e filósofo Roland Corbisier, falecido em 2005, quando integrava o PCdoB. Eis o trecho de Corbisier, citado por Renan:
“Essa mania de denunciar, de acusar, de julgar e de condenar antes de ouvir a defesa dos acusados, essa obsessão do inquérito, da devassa, essa complacência do escândalo, na publicação do escândalo, esse gosto de comprometer e desmoralizar o poder público, os homens que o exercem ou que aspiram a exercê-lo, essa precipitação, essa leviandade em atacar e condenar sem o menor respeito pela justiça e pela verdade, essa sofreguidão, essa impaciência em fazer justiça com as próprias mãos, em dizer a última palavra a respeito de pessoas e de assuntos em debate, essa atitude moralista e farisaica, pretensiosa e auto-suficiente é uma atitude, que a longo prazo, se revela nociva à formação política e mesmo à formação moral do País, porque é impossível dissociar, na acusação, na agressão aos homens públicos, aos homens que exercem o poder, os próprios homens enquanto indivíduos dos cargos que ocupam e da função que exercem”.
Veja o que o portal Vermelho publicou sobre Roland Corbisier, na ocasião de seu falecimento, em fevereiro de 2005, neste endereço:http://www.vermelho.org.br/diario/2005/0211/0211_corbisier.asp

Para sua maior segurança, este telefonema está sendo gravado

O senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) afirmou no plenário, na quinta-feira passada: "Estamos todos vigiados e grampeados". O ministro da Justiça, Tarso Genro, reagiu em entrevista ao JB: "A PF não faz escuta sem autorização judicial. E se alguém fizer, vou tomar todas as providências para que os responsáveis sejam punidos", declarou.
Precisava ser mais claro: afinal a PF não faz escuta sem autorização, ou faz, mas os responsáveis serão punidos? Eu, hein...

O alerta de Mauro Santayana

A polícia não pode ter autonomia em nenhum sistema político. Nos regimes totalitários, chega o momento em que mesmo os tiranos temem as corporações de segurança do Estado, quando a elas não se submetem. Os documentos disponíveis sobre o nazismo e o stalinismo mostram como as intrigas, a fabricação de provas, a luta interna, tanto na Gestapo, quanto na NKVD, podiam não só conduzir inocentes à morte, mas, da mesma forma, determinar a Política do Estado. Ernst Röhm, chefe das SA, foi decisivo para a tomada do poder pelos nazistas. Em 1934, com as informações e a ajuda de Reinhard Heydrich, chefe da Gestapo, Hitler invadiu um hotel do balneário de Bad Wiessee, retirou Röhm da cama, e mandou matá-lo, certo de que ele organizava um golpe. Desde que assumiu a chefia da Gestapo, aos 32 anos, até sua morte, aos 38, Reinhard Heydrich foi um dos principais policy makers do regime. Coube-lhe o projeto de eliminar fisicamente os judeus da Europa, com a Endlösung, a solução final, aprovada em janeiro de 1942.

Na União Soviética foi notória a poderosa influência de Beria sobre Stalin. Alguns historiadores concluem que Stalin era dominado pelo encarregado da segurança do regime. Sendo o segundo da NKVD, coube a Beria articular toda a purga no Partido Comunista, entre 1936 e 1938. E a ele se deve a prisão e a morte de seu chefe, Nicolay Yezhov, em 1938, para assumir, em seguida, com a KGB, o controle da segurança da URSS.

Antes que Beria mobilizasse o seu poder, logo depois da morte de Stalin, a fim de substituí-lo, Molotov, Malenkov e Kruschev articularam rapidamente sua prisão, condenação e execução.Adiante, o articulista do JB pondera: “Infelizmente o Parlamento brasileiro, como quase todos os parlamentos do mundo, encontra-se em crise. Mas não podemos fechar o Congresso e encarregar a Polícia Federal de governar o país pela intimidação e pelo medo. Os cidadãos de bem não podem ser reféns da polícia”.

Comunistas candidatos

O Painel da Folha especula
Sonho alto. O PC do B quer lançar candidatos a prefeito em pelo menos cinco capitais. As principais apostas são Aldo Rebelo (São Paulo), Manuela D'Ávilla (Porto Alegre) e Jandira Feghali (Rio).

Momento Caras, a fofoca como política

MÔNICA BERGAMO noticia na Folha:
AMIGO O senador Ney Suassuna (PMDB-PB) foi arrolado, ao lado de Cláudio Gontijo, da empreiteira Mendes Júnior, como testemunha no processo de alimentos que a jornalista Mônica Veloso movia contra o presidente do Senado, RENAN CALHEIROS (PMDB-AL), para definir o valor da pensão da filha dos dois. Suassuna, que foi indiciado este ano por envolvimento na máfia das ambulâncias (pensando bem, o que esta informação está fazendo aqui? CP), é amigo da família de Mônica.PASSEIO No acordo com a jornalista, ficou acertado que Renan passará a visitar a filha quinzenalmente.ARQUIVO APAIXONADO Uma das coisas que deixaram Renan "estarrecido", de acordo com alguns de seus melhores amigos, foi o fato de Mônica ter colecionado documentos que revelam detalhes da convivência deles, como cartões magnéticos de hotéis, notas fiscais de restaurantes e outros papéis.

Já Ricardo Noblat dá detalhes e faz questionamentos:
Na semana passada, em audiência no Tribunal de Justiça do Distrito Federal, Renan se ofereceu para pagar a Mônica uma pensão mensal de R$3 mil. Alegou que ganha menos de R$13 mil como senador. Ocorre que Renan pagou a Mônica, durante três anos, R$16.500 mensais. De onde saiu o resto do dinheiro? "De ganhos agropecuários", segundo ele.

Quer dizer: Gontijo testemunhou o sufoco do amigo ao longo de dois anos, mas nada fez para ajudá-lo - salvo entregar a Mônica mensalmente um envelope com dinheiro. Renan omite que suspendeu o pagamento da pensão quando Mônica exigiu que ele assumisse a paternidade do filho. E que só topou fazer exame de DNA diante do risco de Mônica pôr a boca no mundo.

Renan tem provas de que o dinheiro pago a Mônica era dele? Não. Mas provar que o dinheiro era do lobista ou da construtora não é problema de Renan. É problema de quem queira condená-lo. Mônica quer uma pensão mais gorda.

O Orçamento e a corrupção

Os escândalos com o dinheiro público, cujo mais recente episódio foi revelado pela Operação Navalha, convenceu o colégio de líderes do governo, comandado pelo presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), a apresentar amanhã um pacote para acabar com as emendas das bancadas e transformar as individuais em impositivas. O PSDB pretenderia até a extinção da Comissão do Orçamento.
Hoje, só uma pequena fração do Orçamento da União pode ser emendada pelo Legislativo. Individualmente, cada parlamentar tem direito a apresentar R$ 5 milhões para os investimentos que achar necessário. As bancadas têm direito a valores bem maiores. O governo pode ou não liberar o dinheiro destinado conforme seu interesse. O Ministério do Planejamento informa que, entre as mais de 360 destinações de recursos do Orçamento de 2006, há algumas com mais de 40% do dinheiro já entregue, outras com 10% ou 5%, e muitas sem absolutamente nada.
Segundo o colunista Carlos Alberto Sardenberg, “uma das fontes primárias de corrupção é o sistema das emendas parlamentares individuais” e propõe sua eliminação “em troca de uma participação mais ativa (dos parlamentares federais) na elaboração do orçamento, definindo as prioridades nacionais, podendo decidir tudo, se vai mais dinheiro para saúde ou educação, para obras ou para gastos com pessoal, para o Bolsa-Família ou para estradas”.
Mas a cientista política Argelina Cheibub Figueiredo argumenta: “Se o Congresso não puder mais emendar o Orçamento, estaremos voltando à época da ditadura”, lembrando que “as distorções que existem na elaboração do Orçamento não decorrem do Parlamento. Elas são problema do Executivo.” Segundo pesquisa feita durante o governo Fernando Henrique Cardoso por ela e outros especialistas, não se pode relacionar a liberação das emendas com o comportamento dos deputados nas votações. “O que se pôde observar é que havia uma variação de 40% a 60% das liberações de verbas dos parlamentares, enquanto o apoio aos projetos de governo esteve sempre na faixa dos 90%”.

Governistas x Veja

Informa Leandro Mazzini, do JB, que os senadores dos sete partidos da coalizão governista vão atacar a revista Veja, pois "nenhum documento foi apresentado na publicação" que prove as ligações do senador Renan Calheiros com o lobista da construtora Mendes Junior.

Ministério do Esporte monitorado

Cláudio Humberto, hoje, 28:
TCU monitora 'Segundo Tempo'
O Tribunal de Contas da União vai monitorar durante cinco semanas o maior programa social do Ministério do Esporte, o "Segundo Tempo". Um acórdão do tribunal aprovou uma série de recomendações ao Ministério do Esporte, a fim de blindar a aplicação dos recursos das falhas já detectados em 2006. O TCU vai ficar de olho também nos convênios do programa, após as denúncias de irregularidades praticadas por ONGs do Rio.

É o caso de se pensar...

Carlos Chagas, hoje, 28:
Se era um homem de bem...
Escorregou outra vez o presidente Lula ao lamentar que precisou sacrificar um homem de bem. No caso, Silas Rondeau, afastado do Ministério de Minas e Energia por decisão do chefe do governo. Ora, se era um homem de bem, o presidente deveria ter ficado a seu lado, dando-lhe suporte para enfrentar a calúnia.

A conclusão parece óbvia: de novo o presidente curvou-se a pressões. Ou, na realidade, percebeu como insustentável a situação onde um envelope com R$ 100 mil de propina irrompe pelo gabinete do ministro adentro, entregue a um de seus principais auxiliares. Em suma, se Silas Rondeau era um homem de bem, foi injustamente sacrificado. Por quem? Pelo presidente da República. E se não era, qual a causa do desabafo de Lula?

sexta-feira, 25 de maio de 2007

Os grampos e os intocáveis

O presidente Lula (Executivo), parlamentares de vários partidos (Legislativo), integrantes da Justiça (Judiário), empresas de comunicação e entidades classistas (sociedade civil) criticam ações da Polícia Federal. Sobrou quem?
Segundo o noticiário, Lula determinou que fossem apurados os eventuais excessos da Polícia Federal durante a Operação Navalha. O líder do PV, Marcelo Ortiz (SP), reproduziu para o Correio Braziliense a frase do presidente na reunião de ontem do Conselho Político: “Nós não podemos impedir a PF de trabalhar, mas isso não pode acontecer da forma como está. Porque não podem acontecer prisões com essa pirotecnia”. Segundo outros participantes, o presidente disse que “a PF tem que tomar mais cuidado. Às vezes, homens de bem são envolvidos e não têm como se defender”.
Pelo Legislativo, o líder do governo na Câmara, deputado José Múcio (PTB-PE), perguntou ao ministro da Justiça, Tarso Genro, diretamente: "Todos nós estamos grampeados?". Pelo Executivo, Tarso admitiu a verdade: "Eu não posso dizer nem que eu não esteja sendo", segundo contou Valdir Raupp.
No Senado, o líder do maior partido da oposição, Arthur Virgílio (PSDB-AM), deplorou: “Não é possível aceitarmos estado policial e prisões arbitrárias”. E o jornalista Merval Pereira conta que o senador Inácio Arruda, do PCdoB, partido aliado do governo, declarou em alto e bom som: "Não tenho dúvidas de que todos nós estamos sendo grampeados".
O Executivo estadual também anda apreensivo: o governador de Alagoas, Teotônio Vilela Filho (PSDB), ao chegar no hotel em Brasília na noite de quarta-feira, foi questionado por uma loira sentada no saguão: “Já vai dormir?”. Ele, sem reduzir o passo, comentou: “Já sei, você é da Polícia Federal!”. E entrou correndo no elevador, sem nem olhar para trás.
Pelo Judiciário, o ministro do Superior Tribunal Federal, Gilmar Mendes, reclamou: "Não podemos permitir a instalação de um estado policial no país".
A direção da PF não pode responder, já que é subordinada ao ministro da Justiça e, é claro, ao presidente da República. Mas acionou o presidente do Sindicato dos Policiais Federais do Distrito Federal: “A Polícia Federal incomoda porque está pegando os corruptos no Executivo, no Judiciário e no Legislativo. Não haverá recuo”.
Com os meus botões, falo para qualquer grampo gravar que o Estado policial, arbitrário, não é bom pra ninguém. Seja no capitalismo, seja no socialismo derrubado no Leste Europeu. Corrupção se combate usando a legalidade, para que também os “combatentes” não se tornem intocáveis.

Pela primeira vez na história deste país...

A jornalista Maria Cristina Fernandes, do Valor Econômico, pescou esta frase de uma entrevista de FHC, dada ao Estadão em 2001: "O novo que vivemos é que talvez pela primeira vez na nossa história a sociedade está passando a limpo, e o governo está deixando passar a limpo. Em vez de pensar que aumentou a taxa de corrupção, o que há é um reconhecimento. A sociedade está cobrando mais".

Painel Caras da Folha

Em evento do jornal "Correio Braziliense" realizado na noite de anteontem, José Roberto Arruda (DEM) surpreendeu a todos com um discurso rápido: -Falei alto para ser ouvido e vou sair rápido para ser aplaudido-, brincou o governador do Distrito Federal. Lula, escalado para discursar logo em seguida, agradeceu a concisão do ex-pefelista: -Hoje faço 33 anos de casado. Nós, Arruda, que somos bem casados, sabemos como isso é importante. A gargalhada foi geral. O presidente não sabia, mas poucos dias antes Arruda havia oficializado a separação com a ex-mulher Mariane, depois de 16 anos de união.

Gente coisa é outra fina

Discussão entre deputados federais, ontem na Câmara:
Sílvio Costa (PMN-PE): “Estou comunicando que não participo dessa palhaçada. Vou retirar minha assinatura. Vocês estão com teatro!”
Luciana Genro (PSOL-RS): “Quer uma desculpa para retirar a assinatura? Você vendeu a sua assinatura para o governo. Vendeu!”

Cara nova, conteúdo velho

A produtora de Paula Lavigne, a esposa de Caetano Veloso (que tanto critica o governo Lula) fez o programa televisivo dos Democratas, o mais radical partido oposicionista de direita, que mudou de nome (era Partido da Frente Liberal), mas não de conteúdo. O programa foi criticado pelo senador demo Heráclito Fortes, porque só aparece a turma jovem (os herdeiros dos antigos caciques, como Rodrigo Maia, ACM Neto, Paulo Bornhausen etc.). “O Agripino Maia apareceu, mas teve de pôr botox. Eu resisti e não apareci”, reclamou Heráclito.

Brasília, floresta de tigres

O ex-presidente e atual senador José Sarney (PMDB/PA), no seu artigo de hoje, Brasília lembra “aquele Tito da tragédia shakespeareana, que chegando vitorioso à capital do Império Romano, exclama: ‘Roma é uma floresta de tigres’”. Mas isto nada tem a ver com a queda de seu aliado, Silas Rondeau, do ministério: “Estas reflexões não têm nenhum endereço nem intenção escondida, mas são apenas uma divagação sobre o comportamento da classe política antropofágica, que em momentos de crise oscila numa excitação entre o medo e a alegria, sem meditar sobre a tragédia dessas coisas e a necessidade de purificação da vida pública”.

A versão do Josias

Mais uma vez começamos a nos defrontar com a grosseira manipulação dos fatos por jornalistas considerados respeitáveis. Pela desestabilização política do país vale tudo. Como nos mostra em seu blog o colunista da Folha de S. Paulo Josias de Souza.

No texto, ele narra a discussão que houve ontem a tarde no plenário do Senado sobre as investigações. Ao contrário do que Josias dá a entender, houve sim discussão e não foi apenas a líder petista Ideli Salvati que defendeu a polícia federal e o governo. O senador comunista Inácio Arruda também o fez, como se pode checar na página com a íntegra da sessão: http://www.senado.gov.br/sf/atividade/Plenario/sessao/disc/listaDisc.asp?s=077.1.53.O

Arruda confirmou que Tarso Genro garantiu, na reunião do Conselho Político, que a operação sempre esteve sob o comando do Ministério Público e do Judiciário. "Quer dizer, a Polícia Federal sempre foi requisitada sob o comando do Judiciário e do Ministério Público. E o Ministério da Justiça tem obrigação de colocar a Polícia Federal à disposição do Judiciário e do Ministério Público. Todos ouvimos e concordamos. Não há dúvida de que ele tem essa obrigação".

O senador também criticou a desestabilização do cenário político. Para ele, o problema que se coloca não apenas para o Congresso Nacional, mas para a sociedade brasileira, "não é colocar algema em um senador, um deputado, um governador de estado, um ex-governador ou um prefeito de uma cidade qualquer. Não é esse problema, não. É para qualquer um. É que se chegou à conclusão de que todos nós estamos sendo vigiados e grampeados. Todos!"

O que foi uma crítica à ação de um Estado policialesco, que desrespeita o Estado democrático de Direito, e não ajuda a combater de fato a corrupção no país, foi interpretada por uma turma de "jornalistas" como uma denúncia de Arruda de que seu telefone estava grampeado:

No blog Ceará Agora (www.cearaagora.com) saiu: "Inácio Arruda denuncia estar grampeado pela PF". O texto diz: "O senador Inácio Arruda(PCdoB) denunciou durante aparte ao senado Arthur Virgílio(PSDB-AM) estar com seu telefone grampeado. Não deu detalhes dos motivos do grampo. Apenas lamentou não ter mais direito a usar um telefone para conversar. O líder do PSDB, senador Arthur Virgílio, disse que lamentava o estado policialesco em que vive o Brasil, mas não perdeu a chance: ironizou Inácio dizendo que ele é um senador da base aliada e ainda assim está sendo vítima de grampos policiais".

Na verdade, o que Virgílio disse foi: "Aprecio a coragem de V. Exª, que cresce mais ainda no meu respeito e no meu conceito".

Mas o que vale é botar lenha na fogueira e continuar a campanha de desmoralização da política. Todos estão envolvidos com o tal Zuleido, todos receberam presentes, que são vistas como propinas, e todo mundo é corrupto! Assim é o Brasil!

Como disse o senador Arruda ontem, a quem interessa essa desestabilização do país? Quando o país vive hoje uma situação tão favorável da economia brasileira, como há muito tempo não se via.

quinta-feira, 24 de maio de 2007

Momento Caras

Foi constrangedor, e a Folha tripudiou: Patrícia Saboya (PSB-CE) presidia ontem os trabalhos na Comissão de Assuntos Sociais quando a colega Lúcia Vânia (PSDB-GO) pediu a palavra:-Senadora Patrícia Pillar, pela ordem...Todos riram da confusão entre a ex e a atual mulher do deputado Ciro Gomes (PSB-CE), e o peemedebista Wellington Salgado quis dar prosseguimento ao assunto:-Quero fazer a defesa de Vossa Excelência!-Acho melhor não-, atalhou a própria Patrícia.Lúcia Vânia tratou de tentar consertar:-Quero dizer que preferimos a Iracema-, declarou, referindo-se ao apelido pelo qual a cearense é conhecida.
Já o Cláudio Humberto não poderia deixar passar uma dessas mas, cavalheiriscamente, absteve-se de comentários: GafeA senadora Lúcia Vânia chamou ontem duas vezes de "Patrícia Pillar", atual senhora Ciro Gomes, a senadora Patrícia Saboya, a ex. Que apenas sorriu.

Rouba, mas não faz

O Painel da Folha registra: "Esse Zuleido subverteu a antiga máxima, já lamentável, do 'rouba, mas faz'. Ele rouba e não faz." Do senador HERÁCLITO FORTES (DEM-PI), diante de tantas fotos de obras inacabadas da construtora Gautama.

Superior Tribunal Global

Ontem O Globo foi comedido: “Escândalo de propina derruba o ministro de Minas e Energia”; hoje, escancarou: “Ministro demitido por corrupção ajuda a escolher seu sucessor”. Segundo o título, o ministro foi demitido (não pediu demissão, portanto), e por corrupção, e não pela denúncia. Julgado e condenado pelo Superior Tribunal Global da família Marinho.

Redução da maioridade

Elisa Tecles, do Correio Braziliense, noticia que quase mil estudantes adolescentes do no Centro Educacional Católica de Brasília fizeram um plebiscito sobre a redução da maioridade penal: 59% dos participantes defendem que a idade mínima recue de 18 para 16 anos no país. O assunto é controverso e a esquerda, em especial, juntamente com setores religiosos, têm se posicionado contra a redução. Mas é preciso que se apresentem melhores argumentos para forjar opinião. Inclusive porque algumas entidades são a favor do voto aos 16, mas não da redução da maioridade. Afinal, maioridade aos 18 anos não é dogma. No Congresso não há consenso sobre o assunto, portanto não há previsão de um resultado numa decisão sobre o tema.

quarta-feira, 23 de maio de 2007

Faoreste brasileiro?

Ruy Castro escreveu na edição da Folha de S. Paulo de hoje, no artigo "O vasto faroeste": "A ausência conspícua do Brasil no noticiário internacional deixa mal nossos governantes, o atual e seu antecessor. Durante anos, encheram-nos os ouvidos de que o mundo já não podia passar sem eles e, em decorrência, sem nós. (...) O Brsail gera pouca informação de interesse para a mídia estrangeira".

O escritor carioca tem certa razão. Lá fora, o Brasil é visto sob a ótica hegemonista. Somos um país do terceiro mundo, em guerra contra o tráfico de drogas, empobrecido, violento, cuja política é permeada pela corrupção... e por aí vai. É a terra de ninguém. Ou o que chamou de faroeste, aliás, uma palavra e um conceito bem "norte-americanos".

Se o nosso país, e porque não dizer nossa América do Sul, são assim, porque a grande mídia internacional vai nos pautar? A mídia nos diz como ver o mundo e ao mundo como nos ver. Por isso as iniciativas da Telesul e da Rádiosul (que será lançada neste final de mês) são tão importantes para fazermos o contraponto a hegemonia do pensamento único do capital, pelo qual só existe notícia nos países onde circulam os interesses das multinacionais.

No Brasil, o movimento contra-hegemônico se concentrou na internet. Temos a Agência Carta Maior, que quase faleceu sem dinheiro recentemente, o Portal Vermelho, e os sites de algumas organizações e movimentos sociais. A TV Pública que será lançada no final do ano jogará papel importante neste sentido.

O Brasil não é o faroeste que o escritor notou. Nós sabemos. E nem a grande mídia internacional nos convencerá. Essa é a luta de idéias que está colocada.

Silas caiu ou foi derrubado?

A Folha de S. Paulo não esqueceu que seu alvo é o presidente da República: “Escândalo derruba ministro de Lula”, manchetou; o Correio Braziliense quer mais: “Rondeau caiu. Passos escapa”; O Estado de São Paulo foi circunspecto: “Escândalo derruba ministro”, assim como o Estado de Minas: “Propina derruba ministro”, e A Tarde (BA): “Denúncia de propina derruba ministro”; o Globo, um pouco mais informativo: “Escândalo de propina derruba o ministro de Minas e Energia”; O Gazeta do Povo (PR) deu nome aos bois: “Silas Rondeau não resiste à pressão e entrega cargo a Lula”; já o Zero Hora (RS) relativizou um pouco: “Suspeita de propina derruba ministro de Minas e Energia”; o JB endossou a versão oficial: “Ministro pede demissão”. Um só fato, muitas abordagens.

Quem se arrisca?

O senador Wellington Salgado (PMDB-MG) anunciou que vai requerer a realização de "reconstituição" das condições em que ocorreu o acidente aéreo envolvendo um avião da Gol e um jato Legacy, em setembro do ano passado, no qual morreram 154 pessoas. O anúncio do pedido foi feito pelo senador durante reunião realizada nesta terça-feira (22) pela CPI do Apagão Aéreo. Destemidos voluntários estão prontos para viajar no Legacy, para a reconstituição. O problema é lotar o avião da Gol...

terça-feira, 22 de maio de 2007

Carlos Chagas especula

A natureza das coisas
Três anos e meio nos separam das eleições presidenciais, mas arrisca-se a perder o trem da História quem pretender ignorar suas preliminares e fazer de conta que a sucessão não existe. O próprio presidente Lula aceitou evoluir em torno dela, ao admitir a hipótese de passar a faixa para alguém da base governista, mas não necessariamente do PT. Se assim acontece com uma decisão a ser tomada em 2010, o que dizer das eleições para as prefeituras, ano que vem? Em especial nas capitais dos estados, a disputa já começou.

Tome-se São Paulo. Marta Suplicy terá mesmo desistido, preferindo continuar no Ministério do Turismo e, depois, pensar no Planalto? Afinal, é o nome que mais se destaca no PT para o lugar de Gilberto Kassab. Argumenta-se que ela não se arriscaria a perder outra vez a prefeitura, quem sabe para Geraldo Alckmin, provável candidato do PSDB. Só que ele também andará no fio da navalha, porque, se perder, será carta fora do baralho em futuras eleições.

No PT, Arlindo Chinaglia se movimenta, com a vantagem de não ter nada a perder, pois continuará deputado federal. As esquerdas parecem divididas. Aldo Rebello, do PC do B, esquenta turbinas para novo embate com o aliado-adversário. O medo maior, porém, situa-se no extremo oposto: se Paulo Maluf decidir lançar-se, será um perigo para todos os adversários domados. E olhem que disposição não lhe falta, como deputado mais votado em São Paulo.

No fio da navalha

Tina Vieira, do Jornal do Brasil, pegou o espírito da coisa: “À medida em que os detalhes da Operação Navalha da Polícia Federal são divulgados e as suspeitas avançam em direção ao Congresso, os políticos vão deixando de lado o discurso sobre a eficiência das comissões parlamentares de inquérito”. O esquema de fraudes em obras públicas descoberto pela Operação Navalha, da Polícia Federal, envolve até o momento membros de nove partidos, da base do governo e da oposição: PT, PMDB, PSB, PP, PL, PDT, PSDB, DEM e PPS.
Parlamentares que brandiam CPI pra baixo e pra cima, agora relativizam: “Não sou contra a CPI, mas acho que é preciso ver a sua eficiência”, disse o senador Heráclito Fortes (DEM-PI), que pugnou pela instalação da CPI das ONGs no Senado, e ponderou: “É importante que as investigações da Polícia Federal avancem para que a especulação não se sobreponha aos fatos”. Já o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), está assoberbado de trabalho: “O Senado tem uma capacidade limitada de investigação”.
O senador Delcídio Alaral (PT-MS), que presidiu a CPI dos Correios, indignou-se, ao tratar da suspeição de envolvimento com o dono da Gautama: “Fui investigado por onze meses durante a CPI dos Correios, minha mulher também e até minha mãe, que mora em Corumbá. Na Operação Têmis procuraram me envolver, dizendo que havia indicado um desembargador para o Tribunal Federal de São Paulo. Fica o questionamento: Por que aparece o senador DelcÍdio? É estranho. Fui investigado de fio a pavio, e saí com bom senso e transparência”. No dia 4 de abril, Delcídio viajou num avião alugado pelo amigo Gonzaga Salomon, que, por sua vez, pediu ajuda a Zuleido Veras, dono da Gautama, para que pagasse a conta do transporte, de R$ 24 mil.
“Se as investigações evoluírem um pouco, certamente vão chegar aos carlistas, é só uma questão de tempo”, disse o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima (PMDB), adversário (pra não dizer inimigo) do senador Antonio Carlos Magalhães (DEM-BA). “Ao que parece, o deputado Paulo Magalhães (sobrinho de ACM) já foi envolvido e, se forem confirmadas as acusações, ele terá sérios problemas.” ACM falou mas, contraditoriamente, disse que ia calar - e não calou: "Não tenho nada a falar sobre Paulo Magalhães, acho apenas que um corruptor e corrupto de R$ 20 mil é insignificante. Mas, cada um deve pagar pelo que fez", afirmou. E não perdeu o jeito ACM de ser: “Desafio o Jaques Wagner (governador da Bahia, do PT) a apontar qualquer coisa na minha vida, como eu posso apontar na vida dele. No caso de Camaçari, inclusive, ele está envolvido. Ele só entende de coisas etílicas”.
Camaçari foi a primeira cidade a ter um prefeito do PCdoB, depois da volta do partido à legalidade, após o fim da ditadura militar. Sebastião Nery se referiu ao partido dos comunistas:
“Há 20 anos, desde que era diretor da empreiteira OAS e sobretudo depois que fundou, em 95, sua empresa Gautama, Zuleido era arroz de festa de rodas políticas, negócios públicos e financiamento de candidatos, em Brasília e na maioria dos estados, sobretudo no Norte e Nordeste.
“Zuleido e Caetano, com mais 44, estão presos na Polícia Federal, em Brasília, flagrados nos escândalos da Operação Navalha. Agora, ninguém o conhece (‘Nunca vi, não soube’). Virou um lambe-sola da República.
“Em 25 de novembro do ano passado, eleito governador da Bahia, Jaques Wagner recebeu em Salvador a ministra petista Dilma Rousseff. Para impressioná-la, passeou com ela por toda a baía de Todos os Santos, na portentosa lancha "Clara", um brinquedo de xeque, de seu amigo Zuleido.
“Luís Caetano
“A amizade dos dois é velha. Logo que assumiu a presidência do sindicato petroquímico de Camaçari, a segunda mais rica cidade do Estado, Wagner, inaugurando surpreendentes negociações com os empresários do maior pólo petroquímico do País, fez dali sua capitania hereditária. Em 2000, foi candidato a prefeito da cidade: teve 31%. Em 2002, a governador. “Perdeu.
Em 2004, lançou para a prefeitura seu mais fiel amigo e aliado, Luís Caetano, que era do PCdoB e saiu para entrar no PT, e o elegeu. Caetano abriu a prefeitura e suspeitas e invisíveis obras de aterros para a empreiteira de Zuleido, agora descobertas e detonadas pela PF. Wagner quer sumir do radar:
"‘Wagner teve seu nome citado em telefonemas entre integrantes da quadrilha investigada pela Polícia Federal. Está irritado com o envolvimento de seu nome nas investigações, depois que foi citado nas conversas telefônicas dos suspeitos, monitoradas pela Polícia Federal’ (‘O Globo’). ‘Jaques não quer falar. Nem da lancha, nem da prisão do prefeito de Camaçari, Caetano, seu amigo e, dizem as más línguas, seu caixa informal de campanha’ (‘Veja’)”.

segunda-feira, 21 de maio de 2007

Esquerda em bloco e em foco

Tales Faria, no Informe JB:
Teste
A eleição de 2008 é outro assunto que será discutido na reunião de amanhã do PSB. No encontro, o partido assinará o manifesto de criação do bloco de esquerda da coalizão. Este bloco, formado por PSB, PCdoB, PDT, PMN, PHS e PRB, pretende estabelecer uma parceria para a eleição municipal do ano que vem. Se a aliança der certo, pretendem repetir a parceria na eleição de 2010, com o deputado Ciro Gomes disputando a sucessão do presidente Lula.

Ilimar Franco, no Panorama Político de O Globo:

PDT fora

A executiva do PDT decidiu que os trabalhistas vão desembarcar do Bloco de Esquerda, formado por PSB e PCdoB. Os trabalhistas não querem ficar reféns da candidatura do deputado Ciro Gomes (PSB-CE) à Presidência da República. O senador Cristóvam Buarque (DF) diz que o objetivo do PDT é construir um bloco eclético, onde caibam o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) e o senador Pedro Simon (PMDB-RS).

Qual é o medo do Banco Central?

A pergunta é feita na coluna do Ribamar Oliveira, que abre: “A inflação está em queda, os indicadores fiscais melhoraram, o crédito está em expansão, os riscos da economia mundial diminuíram, as exportações brasileiras estão em ritmo acelerado, as reservas internacionais nunca foram tão elevadas, o risco Brasil bateu recorde de queda e a cotação do dólar despencou, o que retira qualquer perspectiva de pressão inflacionária para os próximos meses. Em um cenário tão benigno como este, é difícil entender os motivos que levam o Banco Central (BC) a manter um ritmo tão lento de redução da taxa de juro”.
Depois de algumas considerações, encerra seu texto: “A situação é tão surrealista que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficou constrangido ao ser perguntado pelo jornalista Fábio Panunzio, na sua segunda entrevista coletiva, se o BC não estava convencido que a economia brasileira vive um bom momento. Se a situação econômica é tão boa, por que o Banco Central não reduz os juros, quis saber Panuzzio. Lula ficou sem resposta”.

Com dureza e sem ternura jamais

O patronato quer ver sangue na lei antigreve do governo, chamada “Lei de Greve”. No Correio Braziliense deste 21 de maio, Luciano Pires informa: “Apesar do protesto dos sindicatos e de uma parte do governo torcer contra, a lei que trata da regulamentação do direito de greve no setor público está entre as mais brandas do mundo”.
O jornalista registra o descontentamento com a manutenção da estabilidade no emprego para os servidores públicos e faz coro com o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, na defesa do corte do ponto dos grevistas. Cita o modelo alemão, onde “o salário pode, inclusive, ser reduzido e a jornada de trabalho ampliada”. Refere-se à França, “onde o conceito de greve se confunde com cidadania e liberdade, o direito é reconhecido, mas com certas limitações”, como a de comunicar a paralisação com cinco dias úteis de antecedência, e à Itália, onde os servidores civis “em caso de greve, precisam manter os serviços essenciais funcionando” e as “faltas são abatidas no contracheque. O corte de ponto pelos dias parados é prática comum também no Reino Unido, onde existem 5.831 milhões de servidores públicos e o recrutamento ocorre por meio de anúncios em jornais ou sites especializados”.
Contrastando com o detalhismo na comparação da legislação grevista, o jornal não fez nenhuma referência às condições de trabalho e de salário do funcionalismo desses países, relacionando-os com os do Brasil...
Cipriano Pereira

Sindicalistas, velai!

Lula jura que não vai tirar direitos dos trabalhadores, mas a Lei de Greve que seu governo está propondo é uma lei antigreve, como até a Central Única dos Trabalhadores, que sempre teve relações próximas com o presidente da República, denunciou. O Correio Brasiliense de hoje, 21, chama atenção para outras investidas na área trabalhista: “Assim como no caso da Lei de Greve, o governo quer concluir o quanto antes a proposta de regulamentação da negociação coletiva. Há um rascunho sendo analisado pelos ministérios do Planejamento, Trabalho e Justiça e a disposição é enviar o projeto ao Congresso Nacional tão logo termine o debate interno.
Segundo o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, existe a “lacuna” e ela será preenchida com uma legislação “moderna”. “É um desejo dos trabalhadores, que o governo reconhece. Estamos preparando mais essa regulamentação e se não for enviada aos parlamentares junto com a Lei de Greve ela chegará ao Congresso poucas semanas depois”, explicou.Alguns pontos indicados pelo diário da capital federal que estariam sendo defendidos pelo governo: “a negociação coletiva terá autonomia e competência para interferir na política salarial definida pelo poder público; temas como melhoria do serviço público e a elaboração de planos de carreira serão tratados de forma mais ampla, com maior participação das entidades sindicais; agentes públicos que impedirem ou dificultarem a negociação coletiva e a atividade sindical poderão ser punidos”.
Cipriano Pereira

sexta-feira, 18 de maio de 2007

Lula disse, mas por via das dúvidas...

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, dia 17: “Ora, meu Deus do céu, longe de mim querer tirar direito do trabalhador. Se eu não puder dar, tirar eu não tiro”. Em todo o caso, os movimentos sociais vão realizar o Dia Nacional de Luta, 23 de maio, com o lema “Nenhum direito a menos, só direito a mais para o povo”. Trata-se de apoio ao veto presidencial à Emenda 3, e, pelo sim, pelo não, de repúdio às propostas de reforma da Previdência e lei de greve e de exigência de mudança da política econômica, bem como defesa da manutenção e ampliação dos direitos sociais. “É muito importante que aconteçam paralisações, panfletagens e encontros nos locais de atuação dos movimentos no dia 23. Porém, para que as bandeiras dos movimentos ganhem visibilidade no conjunto da sociedade manifestações nas ruas serão fundamentais”, salientou o coordenador nacional da Corrente Sindical Classista, João Batista Lemos.
Cipriano Pereira