sexta-feira, 25 de maio de 2007

Os grampos e os intocáveis

O presidente Lula (Executivo), parlamentares de vários partidos (Legislativo), integrantes da Justiça (Judiário), empresas de comunicação e entidades classistas (sociedade civil) criticam ações da Polícia Federal. Sobrou quem?
Segundo o noticiário, Lula determinou que fossem apurados os eventuais excessos da Polícia Federal durante a Operação Navalha. O líder do PV, Marcelo Ortiz (SP), reproduziu para o Correio Braziliense a frase do presidente na reunião de ontem do Conselho Político: “Nós não podemos impedir a PF de trabalhar, mas isso não pode acontecer da forma como está. Porque não podem acontecer prisões com essa pirotecnia”. Segundo outros participantes, o presidente disse que “a PF tem que tomar mais cuidado. Às vezes, homens de bem são envolvidos e não têm como se defender”.
Pelo Legislativo, o líder do governo na Câmara, deputado José Múcio (PTB-PE), perguntou ao ministro da Justiça, Tarso Genro, diretamente: "Todos nós estamos grampeados?". Pelo Executivo, Tarso admitiu a verdade: "Eu não posso dizer nem que eu não esteja sendo", segundo contou Valdir Raupp.
No Senado, o líder do maior partido da oposição, Arthur Virgílio (PSDB-AM), deplorou: “Não é possível aceitarmos estado policial e prisões arbitrárias”. E o jornalista Merval Pereira conta que o senador Inácio Arruda, do PCdoB, partido aliado do governo, declarou em alto e bom som: "Não tenho dúvidas de que todos nós estamos sendo grampeados".
O Executivo estadual também anda apreensivo: o governador de Alagoas, Teotônio Vilela Filho (PSDB), ao chegar no hotel em Brasília na noite de quarta-feira, foi questionado por uma loira sentada no saguão: “Já vai dormir?”. Ele, sem reduzir o passo, comentou: “Já sei, você é da Polícia Federal!”. E entrou correndo no elevador, sem nem olhar para trás.
Pelo Judiciário, o ministro do Superior Tribunal Federal, Gilmar Mendes, reclamou: "Não podemos permitir a instalação de um estado policial no país".
A direção da PF não pode responder, já que é subordinada ao ministro da Justiça e, é claro, ao presidente da República. Mas acionou o presidente do Sindicato dos Policiais Federais do Distrito Federal: “A Polícia Federal incomoda porque está pegando os corruptos no Executivo, no Judiciário e no Legislativo. Não haverá recuo”.
Com os meus botões, falo para qualquer grampo gravar que o Estado policial, arbitrário, não é bom pra ninguém. Seja no capitalismo, seja no socialismo derrubado no Leste Europeu. Corrupção se combate usando a legalidade, para que também os “combatentes” não se tornem intocáveis.

Pela primeira vez na história deste país...

A jornalista Maria Cristina Fernandes, do Valor Econômico, pescou esta frase de uma entrevista de FHC, dada ao Estadão em 2001: "O novo que vivemos é que talvez pela primeira vez na nossa história a sociedade está passando a limpo, e o governo está deixando passar a limpo. Em vez de pensar que aumentou a taxa de corrupção, o que há é um reconhecimento. A sociedade está cobrando mais".

Painel Caras da Folha

Em evento do jornal "Correio Braziliense" realizado na noite de anteontem, José Roberto Arruda (DEM) surpreendeu a todos com um discurso rápido: -Falei alto para ser ouvido e vou sair rápido para ser aplaudido-, brincou o governador do Distrito Federal. Lula, escalado para discursar logo em seguida, agradeceu a concisão do ex-pefelista: -Hoje faço 33 anos de casado. Nós, Arruda, que somos bem casados, sabemos como isso é importante. A gargalhada foi geral. O presidente não sabia, mas poucos dias antes Arruda havia oficializado a separação com a ex-mulher Mariane, depois de 16 anos de união.

Gente coisa é outra fina

Discussão entre deputados federais, ontem na Câmara:
Sílvio Costa (PMN-PE): “Estou comunicando que não participo dessa palhaçada. Vou retirar minha assinatura. Vocês estão com teatro!”
Luciana Genro (PSOL-RS): “Quer uma desculpa para retirar a assinatura? Você vendeu a sua assinatura para o governo. Vendeu!”

Cara nova, conteúdo velho

A produtora de Paula Lavigne, a esposa de Caetano Veloso (que tanto critica o governo Lula) fez o programa televisivo dos Democratas, o mais radical partido oposicionista de direita, que mudou de nome (era Partido da Frente Liberal), mas não de conteúdo. O programa foi criticado pelo senador demo Heráclito Fortes, porque só aparece a turma jovem (os herdeiros dos antigos caciques, como Rodrigo Maia, ACM Neto, Paulo Bornhausen etc.). “O Agripino Maia apareceu, mas teve de pôr botox. Eu resisti e não apareci”, reclamou Heráclito.

Brasília, floresta de tigres

O ex-presidente e atual senador José Sarney (PMDB/PA), no seu artigo de hoje, Brasília lembra “aquele Tito da tragédia shakespeareana, que chegando vitorioso à capital do Império Romano, exclama: ‘Roma é uma floresta de tigres’”. Mas isto nada tem a ver com a queda de seu aliado, Silas Rondeau, do ministério: “Estas reflexões não têm nenhum endereço nem intenção escondida, mas são apenas uma divagação sobre o comportamento da classe política antropofágica, que em momentos de crise oscila numa excitação entre o medo e a alegria, sem meditar sobre a tragédia dessas coisas e a necessidade de purificação da vida pública”.

A versão do Josias

Mais uma vez começamos a nos defrontar com a grosseira manipulação dos fatos por jornalistas considerados respeitáveis. Pela desestabilização política do país vale tudo. Como nos mostra em seu blog o colunista da Folha de S. Paulo Josias de Souza.

No texto, ele narra a discussão que houve ontem a tarde no plenário do Senado sobre as investigações. Ao contrário do que Josias dá a entender, houve sim discussão e não foi apenas a líder petista Ideli Salvati que defendeu a polícia federal e o governo. O senador comunista Inácio Arruda também o fez, como se pode checar na página com a íntegra da sessão: http://www.senado.gov.br/sf/atividade/Plenario/sessao/disc/listaDisc.asp?s=077.1.53.O

Arruda confirmou que Tarso Genro garantiu, na reunião do Conselho Político, que a operação sempre esteve sob o comando do Ministério Público e do Judiciário. "Quer dizer, a Polícia Federal sempre foi requisitada sob o comando do Judiciário e do Ministério Público. E o Ministério da Justiça tem obrigação de colocar a Polícia Federal à disposição do Judiciário e do Ministério Público. Todos ouvimos e concordamos. Não há dúvida de que ele tem essa obrigação".

O senador também criticou a desestabilização do cenário político. Para ele, o problema que se coloca não apenas para o Congresso Nacional, mas para a sociedade brasileira, "não é colocar algema em um senador, um deputado, um governador de estado, um ex-governador ou um prefeito de uma cidade qualquer. Não é esse problema, não. É para qualquer um. É que se chegou à conclusão de que todos nós estamos sendo vigiados e grampeados. Todos!"

O que foi uma crítica à ação de um Estado policialesco, que desrespeita o Estado democrático de Direito, e não ajuda a combater de fato a corrupção no país, foi interpretada por uma turma de "jornalistas" como uma denúncia de Arruda de que seu telefone estava grampeado:

No blog Ceará Agora (www.cearaagora.com) saiu: "Inácio Arruda denuncia estar grampeado pela PF". O texto diz: "O senador Inácio Arruda(PCdoB) denunciou durante aparte ao senado Arthur Virgílio(PSDB-AM) estar com seu telefone grampeado. Não deu detalhes dos motivos do grampo. Apenas lamentou não ter mais direito a usar um telefone para conversar. O líder do PSDB, senador Arthur Virgílio, disse que lamentava o estado policialesco em que vive o Brasil, mas não perdeu a chance: ironizou Inácio dizendo que ele é um senador da base aliada e ainda assim está sendo vítima de grampos policiais".

Na verdade, o que Virgílio disse foi: "Aprecio a coragem de V. Exª, que cresce mais ainda no meu respeito e no meu conceito".

Mas o que vale é botar lenha na fogueira e continuar a campanha de desmoralização da política. Todos estão envolvidos com o tal Zuleido, todos receberam presentes, que são vistas como propinas, e todo mundo é corrupto! Assim é o Brasil!

Como disse o senador Arruda ontem, a quem interessa essa desestabilização do país? Quando o país vive hoje uma situação tão favorável da economia brasileira, como há muito tempo não se via.

quinta-feira, 24 de maio de 2007

Momento Caras

Foi constrangedor, e a Folha tripudiou: Patrícia Saboya (PSB-CE) presidia ontem os trabalhos na Comissão de Assuntos Sociais quando a colega Lúcia Vânia (PSDB-GO) pediu a palavra:-Senadora Patrícia Pillar, pela ordem...Todos riram da confusão entre a ex e a atual mulher do deputado Ciro Gomes (PSB-CE), e o peemedebista Wellington Salgado quis dar prosseguimento ao assunto:-Quero fazer a defesa de Vossa Excelência!-Acho melhor não-, atalhou a própria Patrícia.Lúcia Vânia tratou de tentar consertar:-Quero dizer que preferimos a Iracema-, declarou, referindo-se ao apelido pelo qual a cearense é conhecida.
Já o Cláudio Humberto não poderia deixar passar uma dessas mas, cavalheiriscamente, absteve-se de comentários: GafeA senadora Lúcia Vânia chamou ontem duas vezes de "Patrícia Pillar", atual senhora Ciro Gomes, a senadora Patrícia Saboya, a ex. Que apenas sorriu.

Rouba, mas não faz

O Painel da Folha registra: "Esse Zuleido subverteu a antiga máxima, já lamentável, do 'rouba, mas faz'. Ele rouba e não faz." Do senador HERÁCLITO FORTES (DEM-PI), diante de tantas fotos de obras inacabadas da construtora Gautama.

Superior Tribunal Global

Ontem O Globo foi comedido: “Escândalo de propina derruba o ministro de Minas e Energia”; hoje, escancarou: “Ministro demitido por corrupção ajuda a escolher seu sucessor”. Segundo o título, o ministro foi demitido (não pediu demissão, portanto), e por corrupção, e não pela denúncia. Julgado e condenado pelo Superior Tribunal Global da família Marinho.

Redução da maioridade

Elisa Tecles, do Correio Braziliense, noticia que quase mil estudantes adolescentes do no Centro Educacional Católica de Brasília fizeram um plebiscito sobre a redução da maioridade penal: 59% dos participantes defendem que a idade mínima recue de 18 para 16 anos no país. O assunto é controverso e a esquerda, em especial, juntamente com setores religiosos, têm se posicionado contra a redução. Mas é preciso que se apresentem melhores argumentos para forjar opinião. Inclusive porque algumas entidades são a favor do voto aos 16, mas não da redução da maioridade. Afinal, maioridade aos 18 anos não é dogma. No Congresso não há consenso sobre o assunto, portanto não há previsão de um resultado numa decisão sobre o tema.

quarta-feira, 23 de maio de 2007

Faoreste brasileiro?

Ruy Castro escreveu na edição da Folha de S. Paulo de hoje, no artigo "O vasto faroeste": "A ausência conspícua do Brasil no noticiário internacional deixa mal nossos governantes, o atual e seu antecessor. Durante anos, encheram-nos os ouvidos de que o mundo já não podia passar sem eles e, em decorrência, sem nós. (...) O Brsail gera pouca informação de interesse para a mídia estrangeira".

O escritor carioca tem certa razão. Lá fora, o Brasil é visto sob a ótica hegemonista. Somos um país do terceiro mundo, em guerra contra o tráfico de drogas, empobrecido, violento, cuja política é permeada pela corrupção... e por aí vai. É a terra de ninguém. Ou o que chamou de faroeste, aliás, uma palavra e um conceito bem "norte-americanos".

Se o nosso país, e porque não dizer nossa América do Sul, são assim, porque a grande mídia internacional vai nos pautar? A mídia nos diz como ver o mundo e ao mundo como nos ver. Por isso as iniciativas da Telesul e da Rádiosul (que será lançada neste final de mês) são tão importantes para fazermos o contraponto a hegemonia do pensamento único do capital, pelo qual só existe notícia nos países onde circulam os interesses das multinacionais.

No Brasil, o movimento contra-hegemônico se concentrou na internet. Temos a Agência Carta Maior, que quase faleceu sem dinheiro recentemente, o Portal Vermelho, e os sites de algumas organizações e movimentos sociais. A TV Pública que será lançada no final do ano jogará papel importante neste sentido.

O Brasil não é o faroeste que o escritor notou. Nós sabemos. E nem a grande mídia internacional nos convencerá. Essa é a luta de idéias que está colocada.

Silas caiu ou foi derrubado?

A Folha de S. Paulo não esqueceu que seu alvo é o presidente da República: “Escândalo derruba ministro de Lula”, manchetou; o Correio Braziliense quer mais: “Rondeau caiu. Passos escapa”; O Estado de São Paulo foi circunspecto: “Escândalo derruba ministro”, assim como o Estado de Minas: “Propina derruba ministro”, e A Tarde (BA): “Denúncia de propina derruba ministro”; o Globo, um pouco mais informativo: “Escândalo de propina derruba o ministro de Minas e Energia”; O Gazeta do Povo (PR) deu nome aos bois: “Silas Rondeau não resiste à pressão e entrega cargo a Lula”; já o Zero Hora (RS) relativizou um pouco: “Suspeita de propina derruba ministro de Minas e Energia”; o JB endossou a versão oficial: “Ministro pede demissão”. Um só fato, muitas abordagens.

Quem se arrisca?

O senador Wellington Salgado (PMDB-MG) anunciou que vai requerer a realização de "reconstituição" das condições em que ocorreu o acidente aéreo envolvendo um avião da Gol e um jato Legacy, em setembro do ano passado, no qual morreram 154 pessoas. O anúncio do pedido foi feito pelo senador durante reunião realizada nesta terça-feira (22) pela CPI do Apagão Aéreo. Destemidos voluntários estão prontos para viajar no Legacy, para a reconstituição. O problema é lotar o avião da Gol...

terça-feira, 22 de maio de 2007

Carlos Chagas especula

A natureza das coisas
Três anos e meio nos separam das eleições presidenciais, mas arrisca-se a perder o trem da História quem pretender ignorar suas preliminares e fazer de conta que a sucessão não existe. O próprio presidente Lula aceitou evoluir em torno dela, ao admitir a hipótese de passar a faixa para alguém da base governista, mas não necessariamente do PT. Se assim acontece com uma decisão a ser tomada em 2010, o que dizer das eleições para as prefeituras, ano que vem? Em especial nas capitais dos estados, a disputa já começou.

Tome-se São Paulo. Marta Suplicy terá mesmo desistido, preferindo continuar no Ministério do Turismo e, depois, pensar no Planalto? Afinal, é o nome que mais se destaca no PT para o lugar de Gilberto Kassab. Argumenta-se que ela não se arriscaria a perder outra vez a prefeitura, quem sabe para Geraldo Alckmin, provável candidato do PSDB. Só que ele também andará no fio da navalha, porque, se perder, será carta fora do baralho em futuras eleições.

No PT, Arlindo Chinaglia se movimenta, com a vantagem de não ter nada a perder, pois continuará deputado federal. As esquerdas parecem divididas. Aldo Rebello, do PC do B, esquenta turbinas para novo embate com o aliado-adversário. O medo maior, porém, situa-se no extremo oposto: se Paulo Maluf decidir lançar-se, será um perigo para todos os adversários domados. E olhem que disposição não lhe falta, como deputado mais votado em São Paulo.

No fio da navalha

Tina Vieira, do Jornal do Brasil, pegou o espírito da coisa: “À medida em que os detalhes da Operação Navalha da Polícia Federal são divulgados e as suspeitas avançam em direção ao Congresso, os políticos vão deixando de lado o discurso sobre a eficiência das comissões parlamentares de inquérito”. O esquema de fraudes em obras públicas descoberto pela Operação Navalha, da Polícia Federal, envolve até o momento membros de nove partidos, da base do governo e da oposição: PT, PMDB, PSB, PP, PL, PDT, PSDB, DEM e PPS.
Parlamentares que brandiam CPI pra baixo e pra cima, agora relativizam: “Não sou contra a CPI, mas acho que é preciso ver a sua eficiência”, disse o senador Heráclito Fortes (DEM-PI), que pugnou pela instalação da CPI das ONGs no Senado, e ponderou: “É importante que as investigações da Polícia Federal avancem para que a especulação não se sobreponha aos fatos”. Já o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), está assoberbado de trabalho: “O Senado tem uma capacidade limitada de investigação”.
O senador Delcídio Alaral (PT-MS), que presidiu a CPI dos Correios, indignou-se, ao tratar da suspeição de envolvimento com o dono da Gautama: “Fui investigado por onze meses durante a CPI dos Correios, minha mulher também e até minha mãe, que mora em Corumbá. Na Operação Têmis procuraram me envolver, dizendo que havia indicado um desembargador para o Tribunal Federal de São Paulo. Fica o questionamento: Por que aparece o senador DelcÍdio? É estranho. Fui investigado de fio a pavio, e saí com bom senso e transparência”. No dia 4 de abril, Delcídio viajou num avião alugado pelo amigo Gonzaga Salomon, que, por sua vez, pediu ajuda a Zuleido Veras, dono da Gautama, para que pagasse a conta do transporte, de R$ 24 mil.
“Se as investigações evoluírem um pouco, certamente vão chegar aos carlistas, é só uma questão de tempo”, disse o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima (PMDB), adversário (pra não dizer inimigo) do senador Antonio Carlos Magalhães (DEM-BA). “Ao que parece, o deputado Paulo Magalhães (sobrinho de ACM) já foi envolvido e, se forem confirmadas as acusações, ele terá sérios problemas.” ACM falou mas, contraditoriamente, disse que ia calar - e não calou: "Não tenho nada a falar sobre Paulo Magalhães, acho apenas que um corruptor e corrupto de R$ 20 mil é insignificante. Mas, cada um deve pagar pelo que fez", afirmou. E não perdeu o jeito ACM de ser: “Desafio o Jaques Wagner (governador da Bahia, do PT) a apontar qualquer coisa na minha vida, como eu posso apontar na vida dele. No caso de Camaçari, inclusive, ele está envolvido. Ele só entende de coisas etílicas”.
Camaçari foi a primeira cidade a ter um prefeito do PCdoB, depois da volta do partido à legalidade, após o fim da ditadura militar. Sebastião Nery se referiu ao partido dos comunistas:
“Há 20 anos, desde que era diretor da empreiteira OAS e sobretudo depois que fundou, em 95, sua empresa Gautama, Zuleido era arroz de festa de rodas políticas, negócios públicos e financiamento de candidatos, em Brasília e na maioria dos estados, sobretudo no Norte e Nordeste.
“Zuleido e Caetano, com mais 44, estão presos na Polícia Federal, em Brasília, flagrados nos escândalos da Operação Navalha. Agora, ninguém o conhece (‘Nunca vi, não soube’). Virou um lambe-sola da República.
“Em 25 de novembro do ano passado, eleito governador da Bahia, Jaques Wagner recebeu em Salvador a ministra petista Dilma Rousseff. Para impressioná-la, passeou com ela por toda a baía de Todos os Santos, na portentosa lancha "Clara", um brinquedo de xeque, de seu amigo Zuleido.
“Luís Caetano
“A amizade dos dois é velha. Logo que assumiu a presidência do sindicato petroquímico de Camaçari, a segunda mais rica cidade do Estado, Wagner, inaugurando surpreendentes negociações com os empresários do maior pólo petroquímico do País, fez dali sua capitania hereditária. Em 2000, foi candidato a prefeito da cidade: teve 31%. Em 2002, a governador. “Perdeu.
Em 2004, lançou para a prefeitura seu mais fiel amigo e aliado, Luís Caetano, que era do PCdoB e saiu para entrar no PT, e o elegeu. Caetano abriu a prefeitura e suspeitas e invisíveis obras de aterros para a empreiteira de Zuleido, agora descobertas e detonadas pela PF. Wagner quer sumir do radar:
"‘Wagner teve seu nome citado em telefonemas entre integrantes da quadrilha investigada pela Polícia Federal. Está irritado com o envolvimento de seu nome nas investigações, depois que foi citado nas conversas telefônicas dos suspeitos, monitoradas pela Polícia Federal’ (‘O Globo’). ‘Jaques não quer falar. Nem da lancha, nem da prisão do prefeito de Camaçari, Caetano, seu amigo e, dizem as más línguas, seu caixa informal de campanha’ (‘Veja’)”.

segunda-feira, 21 de maio de 2007

Esquerda em bloco e em foco

Tales Faria, no Informe JB:
Teste
A eleição de 2008 é outro assunto que será discutido na reunião de amanhã do PSB. No encontro, o partido assinará o manifesto de criação do bloco de esquerda da coalizão. Este bloco, formado por PSB, PCdoB, PDT, PMN, PHS e PRB, pretende estabelecer uma parceria para a eleição municipal do ano que vem. Se a aliança der certo, pretendem repetir a parceria na eleição de 2010, com o deputado Ciro Gomes disputando a sucessão do presidente Lula.

Ilimar Franco, no Panorama Político de O Globo:

PDT fora

A executiva do PDT decidiu que os trabalhistas vão desembarcar do Bloco de Esquerda, formado por PSB e PCdoB. Os trabalhistas não querem ficar reféns da candidatura do deputado Ciro Gomes (PSB-CE) à Presidência da República. O senador Cristóvam Buarque (DF) diz que o objetivo do PDT é construir um bloco eclético, onde caibam o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) e o senador Pedro Simon (PMDB-RS).

Qual é o medo do Banco Central?

A pergunta é feita na coluna do Ribamar Oliveira, que abre: “A inflação está em queda, os indicadores fiscais melhoraram, o crédito está em expansão, os riscos da economia mundial diminuíram, as exportações brasileiras estão em ritmo acelerado, as reservas internacionais nunca foram tão elevadas, o risco Brasil bateu recorde de queda e a cotação do dólar despencou, o que retira qualquer perspectiva de pressão inflacionária para os próximos meses. Em um cenário tão benigno como este, é difícil entender os motivos que levam o Banco Central (BC) a manter um ritmo tão lento de redução da taxa de juro”.
Depois de algumas considerações, encerra seu texto: “A situação é tão surrealista que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficou constrangido ao ser perguntado pelo jornalista Fábio Panunzio, na sua segunda entrevista coletiva, se o BC não estava convencido que a economia brasileira vive um bom momento. Se a situação econômica é tão boa, por que o Banco Central não reduz os juros, quis saber Panuzzio. Lula ficou sem resposta”.

Com dureza e sem ternura jamais

O patronato quer ver sangue na lei antigreve do governo, chamada “Lei de Greve”. No Correio Braziliense deste 21 de maio, Luciano Pires informa: “Apesar do protesto dos sindicatos e de uma parte do governo torcer contra, a lei que trata da regulamentação do direito de greve no setor público está entre as mais brandas do mundo”.
O jornalista registra o descontentamento com a manutenção da estabilidade no emprego para os servidores públicos e faz coro com o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, na defesa do corte do ponto dos grevistas. Cita o modelo alemão, onde “o salário pode, inclusive, ser reduzido e a jornada de trabalho ampliada”. Refere-se à França, “onde o conceito de greve se confunde com cidadania e liberdade, o direito é reconhecido, mas com certas limitações”, como a de comunicar a paralisação com cinco dias úteis de antecedência, e à Itália, onde os servidores civis “em caso de greve, precisam manter os serviços essenciais funcionando” e as “faltas são abatidas no contracheque. O corte de ponto pelos dias parados é prática comum também no Reino Unido, onde existem 5.831 milhões de servidores públicos e o recrutamento ocorre por meio de anúncios em jornais ou sites especializados”.
Contrastando com o detalhismo na comparação da legislação grevista, o jornal não fez nenhuma referência às condições de trabalho e de salário do funcionalismo desses países, relacionando-os com os do Brasil...
Cipriano Pereira

Sindicalistas, velai!

Lula jura que não vai tirar direitos dos trabalhadores, mas a Lei de Greve que seu governo está propondo é uma lei antigreve, como até a Central Única dos Trabalhadores, que sempre teve relações próximas com o presidente da República, denunciou. O Correio Brasiliense de hoje, 21, chama atenção para outras investidas na área trabalhista: “Assim como no caso da Lei de Greve, o governo quer concluir o quanto antes a proposta de regulamentação da negociação coletiva. Há um rascunho sendo analisado pelos ministérios do Planejamento, Trabalho e Justiça e a disposição é enviar o projeto ao Congresso Nacional tão logo termine o debate interno.
Segundo o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, existe a “lacuna” e ela será preenchida com uma legislação “moderna”. “É um desejo dos trabalhadores, que o governo reconhece. Estamos preparando mais essa regulamentação e se não for enviada aos parlamentares junto com a Lei de Greve ela chegará ao Congresso poucas semanas depois”, explicou.Alguns pontos indicados pelo diário da capital federal que estariam sendo defendidos pelo governo: “a negociação coletiva terá autonomia e competência para interferir na política salarial definida pelo poder público; temas como melhoria do serviço público e a elaboração de planos de carreira serão tratados de forma mais ampla, com maior participação das entidades sindicais; agentes públicos que impedirem ou dificultarem a negociação coletiva e a atividade sindical poderão ser punidos”.
Cipriano Pereira